Origem: Livro: O Nome Sobre Todo Nome

Parte 8 – Por Amor do Seu Nome

Há duas ou três expressões que podem ser consideradas sob esse título. Pode-se perceber uma certa diferença em seu significado, mas, em sua aplicação prática, elas têm, para todos os efeitos, a mesma força. Uma pode ser traduzida como “por causa”, ou “em razão de Seu nome”, outra, como o título deste capítulo, e ainda outra, “em favor de Seu nome”. Em todas as três, a ideia fundamental é o valor do nome para aquele que age, suporta ou sofre, e isso também encontrará, como esperamos ver, uma exemplificação nos atos de graça de Deus para com Seu povo. As palavras: “Teu nome é como unguento derramado” já estiveram diante de nós, e as expressões que serão adicionadas agora fornecerão outra ilustração do fato de que é a fragrância do nome de Cristo que deleita tanto o coração de Deus quanto o coração de Seu povo. Por isso, lemos em conexão com as bênçãos de Seu justo domínio durante os mil anos, que “O Seu nome permanecerá eternamente; o Seu nome se irá propagando de pais a filhos, enquanto o Sol durar; e os homens serão abençoados n’Ele; todas as nações Lhe chamarão Bem-aventurado” (Sl 72:17). Sim, por toda a eternidade continuaremos a cantar o cântico que aprendemos na Terra:

“Teu nome amamos, Senhor Jesus,
E humildemente nos curvamos diante de Ti;
E enquanto vivemos, a Ti bendizemos
E damos Te toda adoração e glória”.

No primeiro caso diante de nós, é o valor do nome para Deus, que fornece a base para o exercício de Seu amor perdoador. O apóstolo João diz assim: “Filhinhos, escrevo-vos porque, pelo Seu nome, vos são perdoados os pecados” (1 Jo 2:12). Toda a verdade da graça está contida nesta breve declaração, pois o termo “filhinhos” nessa passagem compreende toda a família de Deus. Aprendemos com isso que, no perdão dos pecados, Deus age unicamente com base no valor do nome de Seu Filho amado, mas em virtude de Seu nome como Aquele que O glorificou na Terra e consumou a obra que Ele Lhe deu para fazer. Que equívocos seriam eliminados da mente das almas ansiosas se essa simples verdade fosse apreendida! Pois então, em vez de passar dias cansativos em busca de algo bom ou mérito em si mesmos, sobre o qual descansar para serem aceitos diante de Deus, ou como uma evidência inquestionável de sua conversão, eles perceberiam que, para serem salvos, deve ser totalmente por meio do que Cristo é para Deus. Que todos esses, portanto, ponderem em oração as palavras, “por amor do Seu nome”, na medida em que mostram, além da possibilidade de dúvida ou erro, que a atitude de Deus para com todos os que vêm a Ele confessando seus pecados, depende inteiramente de Sua estimativa do valor do nome d’Aquele bendito que agora está assentado à Sua direita. Que rocha imutável e inabalável é assim fornecida para nossa alma – aquela Rocha Eterna, de fato, na qual podemos descansar para sempre em perfeita paz, uma paz que nenhuma mudança de sentimento ou experiência poderá afetar. Nunca deixemos de proclamar essa bendita verdade às almas atingidas pelo pecado e cansadas, pois é o próprio cerne das boas novas de Deus aos homens neste dia de graça.

E não apenas recebemos o perdão de nossos pecados, mas nossos pés também são mantidos, enquanto passamos pelo deserto, da mesma maneira. Lemos, por exemplo, no Salmo 23: “Ele restaura a minha alma; Ele me guia nas veredas da justiça por amor do Seu nome” (JND). Ou seja, Deus empreendeu tudo por nós no mesmo terreno no qual Ele perdoou nossos pecados. O motivo de todas Suas atividades de graça e amor, de Sua atitude imutável, de Seu cuidado e proteção vigilantes, é encontrado em Cristo, e não em nós mesmos. Isso é abençoadamente exemplificado no Salmo de onde a citação acima é tirada; só aqui, é o Senhor como nosso Pastor, agindo mais de Seu próprio coração e do relacionamento que Ele teve o prazer de assumir em relação ao Seu povo. O argumento simples é que, se Ele Se tornou nosso Pastor, Ele fornecerá tudo o que for necessário para nós, seja em nosso caminho de peregrinação ou ao passar pelo vale da sombra da morte. Mas o versículo citado mostra que é por causa de Seu próprio nome que Ele mantém esses relacionamentos de graça. Se estamos cansados, desanimados, desencorajados ou deprimidos, Ele restaura nossa alma, e, como precisamos de orientação constante, com todo desejo de trilhar Seus caminhos, mas muitas vezes incapazes de discerni-los, Ele Se colocou à nossa frente e nos conduz nos caminhos da justiça por amor de Seu nome. Se, então, o nome de Cristo é tão indizivelmente precioso para Deus, e se constitui a base totalmente eficaz de Seu relacionamento conosco, como devemos procurar zelosamente estar em comunhão com Ele sobre isso, e assim, tendo algum senso fraco de Seu valor, deleitar-nos em nos aprofundar n’Ele, descansando n’Ele em nossas aproximações com Deus, assim como Ele descansa n’Ele em Seus relacionamentos conosco.

A comunhão com o coração de Deus, de fato, quanto à preciosidade do nome de Cristo, é o verdadeiro segredo da devoção e coragem incansáveis de muitos de Seus seguidores. O apóstolo Paulo pode ser mencionado como uma ilustração especial disso, embora as palavras “por amor do Seu nome” não sejam usadas. Em cativeiro, e não mais capaz de entregar sua mensagem abençoada – com a perspectiva da morte a qualquer momento, pois ele não sabia se seria jogado aos leões imediatamente – era seu consolo, apesar dos motivos mistos que governavam a atividade de muitos, que Cristo fosse pregado, e nisso ele se regozijou e se regozijaria. Toda a sua expectativa e esperança era que ele pudesse ser mantido e sustentado de modo que Cristo pudesse ser magnificado em seu corpo, fosse pela vida ou pela morte. Absorvido em seu objetivo, somente Cristo delimitava seu horizonte, e, portanto, por amor a Cristo, ele estava disposto a sofrer qualquer coisa e tudo, se pudesse apenas trazer glória ao Seu bendito nome. Da mesma forma, lemos em outra epístola de alguns que tiveram o nome de Cristo tão indelevelmente gravado no coração que, por Sua causa, aceitaram com gozo a espoliação de seus bens, de outros que provaram cruéis escárnios e açoites, cadeias e prisões, e de outros também que foram serrados ou mortos à espada, enquanto se alguns escaparam do martírio, tiveram que vagar em peles de ovelhas e cabra, sendo desamparados, afligidos e maltratados (Hb 10 e 11).

Esse caráter sofredor do caminho de Seus discípulos foi, muitas vezes, o tema da instrução de nosso Senhor. Longe de esconder deles as aflições e perseguições que encontrariam, Ele os advertiu em todas as ocasiões possíveis do que teriam que suportar por causa de Seu nome. Assim, por exemplo, Ele diz no sermão da montanha: “bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por Minha causa”. Em outro momento, “Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do Meu nome”, e mais uma vez: “Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós”, “vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus”. Assim aconteceu, pois Paulo escreveu (citando os Salmos): “Por amor de Ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro”. Mas se nosso bendito Senhor nos preveniu do que pode ser imposto a nós por meio da confissão de Seu nome, Ele também ministrou o sustento e a consolação necessários. De Si mesmo em Seu caminho por entre este mundo, está escrito que pelo gozo que estava diante d’Ele, Ele suportou a cruz, desprezando a afronta, e para nosso encorajamento, Ele deixou registradas estas palavras: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do Meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna”.

Sofrer com Cristo é uma necessidade, em certa medida, se somos filhos de Deus, mas sofrer por Cristo é um privilégio ligado à fidelidade em Seu serviço. Como exemplo disso, o caso de Pedro e João pode ser apresentado. Levantados perante o conselho judaico, haviam sido proibidos de falar ou ensinar em nome de Jesus, mas, obedecendo a Deus em vez de aos homens, prosseguiram com sua bendita obra.

Mais uma vez presos, depois de terem sido milagrosamente libertados da prisão, foram espancados e ordenados a não falar em nome de Jesus. Eles ficaram desanimados ou assustados por causa do que tiveram que suportar? De maneira nenhuma, eles, “Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus” (At 5:40-41). Qual é então o segredo dessa superioridade à vergonha e ao sofrimento? É a preciosidade de Cristo para o coração de Seu povo, a certeza de Sua presença com eles e o conhecimento de que mesmo a morte é apenas o caminho da vida para Sua presença eterna. Se por nossa causa Ele Se tornou pobre, para que por meio de Sua pobreza pudéssemos ser ricos, certamente não é grande coisa se formos ensinados, pela graça, a considerar, como Moisés, o vitupério de Cristo como maiores riquezas do que os tesouros do Egito, e se estivermos dispostos a sofrer perseguição e suportar a perda de todas as coisas aqui por causa do Seu nome.

Ainda outro exemplo do poder do nome de Cristo pode ser considerado. Na terceira epístola de João, lemos sobre alguns que “por amor do nome” (TB) saíram, sem tomar nada dos gentios. A forma da frase, “por amor do nome”, nessa passagem coincide exatamente com a usada por Pedro e João em Atos 5, e assim concluímos que foi o valor do nome de Cristo para o coração deles que levou este último a se regozijar no sofrimento, e o primeiro a recusar o apoio do mundo por seu serviço. Bom teria sido para a Igreja de Deus se o exemplo desses devotos servos tivesse sido seguido. Nada corrompeu tanto o Cristianismo quanto a aceitação da ajuda mundana para o avanço de seus objetivos. Antes de o Senhor ser crucificado, Ele disse aos Seus discípulos: “Quando vos mandei sem bolsa, alforje ou sandálias, faltou-vos, porventura, alguma coisa? Eles responderam: Nada”. Ele é menos terno em Seu cuidado com Seus servos agora que está glorificado à direita de Deus? Um nobre exército de servos dedicados em todas as partes do mundo testemunhará de bom grado que eles também, embora sem o apoio garantido do homem e recusando a assistência do mundo, nada lhes faltou. E seria o início de uma nova era no serviço Cristão, e especialmente nas missões Cristãs, se aqueles envolvidos nelas saíssem na mesma fé simples na total suficiência do nome de seu Senhor. Nos últimos dias da história da Igreja na Terra, que muitos verdadeiros crentes sejam levantados e enviados para a seara pelo Senhor da seara – homens a quem o nome de Cristo é tão precioso que eles podem encontrar n’Ele seu Único motivo, o Único estímulo para seu zelo, e sua abundante garantia para toda a sua dependência d’Ele, para todo o seu apoio necessário.

O leitor encontrará muita edificação ao traçar outros casos na Escritura, e nossa oração é que cada um que seja encorajado a fazê-lo pela leitura do que foi escrito, possa encontrar, enquanto estiver envolvido, que seu coração seja atraído mais plenamente na adoração e louvor de nosso bendito Senhor e Salvador, e que possa se tornar seu único e intenso desejo, em toda a sua vida futura, de trazer glória a este precioso NOME.

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