Origem: Livro: Os Patriarcas

Poemas Alegóricos

Quanto à estrutura do livro como uma composição, não tenho dúvida, nem por um momento, da correção daqueles que o tratam como “uma coleção de idílios distintos ou pequenos poemas perfeitamente destacados e separados uns dos outros, sem outra conexão além da que eles derivam de um tema comum, as peculiaridades do estilo de um autor comum, e talvez alguma unidade de concepção no sentido místico, que pretendem apresentar”. Os sentidos espirituais dos santos devem ser exercitados no discernimento dos inícios e finais destes diferentes cânticos ou pequenas canções, e na interpretação dos santos mistérios que eles expressam. Certamente, podemos esperar diferentes luzes e diferentes regozijos ao fazê-lo entre nós. Mas que estas canções ou pequenos poemas são alegorias, nenhum de nós duvidará. As relações íntimas de um casal de noivos são as imagens; o amor de Cristo e do santo, o sentido místico. E garantidas, tenho certeza, são as sugestões de alguém sobre este assunto, “que existem aquelas manifestações de Seu amor, e aquelas afeições acesas no coração para com a Pessoa do Filho de Deus, que podem muito bem tomar emprestadas suas alusões da afeição mais terna e poderosa que subsiste entre os homens”. “E como o noivo se alegra da noiva, assim o teu Deus Se alegrará de ti” (TB); “O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para te salvar; Ele Se deleitará em ti com alegria; calar-Se-á por [descansará em – JND] seu amor, regozijar-Se-á em ti com júbilo”; “Assim o rei desejará a tua formosura” (TB); “Tu ficarás Comigo muitos dias assim quero Eu ser também para ti”; “Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja”. Estas e passagens semelhantes, com muitas histórias típicas na Escritura e algumas ordenanças da lei, todas justificam esse pensamento, bem como o caráter das muitas atuações do Espírito na alma dos santos.

A autoridade divina deste livro nunca foi questionada de alguma forma digna da menor consideração por parte daqueles que andam simplesmente na luz de Deus, recusando o homem, os seus pensamentos e a sua sabedoria. “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século?” Foi sempre reverenciado pelos Judeus como parte dos oráculos de Deus e, nesse caráter, podemos assegurar-nos, recebeu a sanção de Cristo e do Espírito Santo nos apóstolos. Ninguém deveria parar por um momento para admitir o seu valor para a alma do santo. “Podemos”, como bem disseram, “formar apenas uma suposição sobre algumas de suas belezas, mas, nas mãos de um Cristão, ela é investida de um brilho mais intenso do que poderiam ter discernido aqueles que as leram nos dias de Salomão. Pois, embora, no que diz respeito às imagens exteriores das alegorias, algumas de suas belezas possam ser perdidas, o sentido místico oculto é trazido mais à luz e manifestado com mais plena certeza ao crente sob a dispensação do Evangelho. ‘Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não o viram’”.

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