Origem: Livro: AUTOESTIMA
Prefácio
O tema “autoestima” é muito frequente no mundo hoje, especialmente na América do Norte. Menos de vinte anos atrás, o assunto era raramente mencionado. Agora somos bombardeados com o termo de toda maneira, e até crianças bem pequenas estão sendo ensinadas sobre autoestima nas escolas. A falta dela é supostamente ser a razão fundamental de quase todos os erros do homem, e a restauração da autoestima é supostamente a cura para quase quaisquer deficiências.
Algum tempo atrás, enquanto aguardava por uma consulta, peguei uma edição da revista Seleções[1] na recepção. Um artigo intitulado “Palavras que produzem milagres” chamou minha atenção, e gostaria de citar dois parágrafos desse artigo.
[1] N. do T.: O nome original da revista é Reader’s Digest. ↑
“Cada um de nós tem uma imagem mental de si mesmo, uma autoimagem. Para achar a vida razoavelmente satisfatória, esta autoimagem deve ser uma que possamos conviver, uma que possamos gostar. Quando nos orgulhamos de nossa autoimagem, nos sentimos confiantes, e livres para sermos nós mesmos. Funcionamos no nosso melhor. Quando estamos envergonhados de nossa autoimagem, tentamos escondê-la em vez de expressá-la. Tornamo-nos hostis e difíceis de lidar.”
“Um milagre acontece com a pessoa cuja autoestima foi elevada. De repente, ela gosta mais das outras pessoas. É mais amável e mais cooperativa com aqueles ao seu redor. O elogio é o polimento que ajuda a manter sua autoimagem brilhante e cintilante.”
Esta citação representa o pensamento atual do mundo, e também entre muitos Cristãos. Embora haja ideias nessas palavras que são muito verdadeiras, há também coisas que são erradas.
Parte do problema de lidar com o assunto, reside no fato de que, até o momento, não há um acordo real do significado do termo “autoestima”. Várias definições foram propostas, mas até nos círculos educacionais, não há um acordo geral. É óbvio que o termo significa coisas diferentes para pessoas diferentes.
Como com qualquer assunto moral e espiritual, os Cristãos devem se afastar da sabedoria humana, e olhar para a Palavra de Deus. Pedro nos diz: “Visto como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade” (2 Pe 1:3). Paulo disse aos Coríntios que: “a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1 Co 3:19). Com a ajuda do Senhor, gostaria de olhar pela Palavra de Deus, onde encontramos a resposta para tudo o que diz respeito ao nosso andar como Cristãos neste mundo. A sabedoria humana nada pode acrescentar à Palavra de Deus.
O assunto é difícil, e estou muito consciente da minha falta de entendimento pleno sobre ele. O homem é um ser complexo, e algumas das considerações relativas a este assunto devem ser vivenciadas, em vez de plenamente explicadas. Também, é dito: “agora, vemos como em espelho, obscuramente” (1 Co 13:12 – ARA), e aqui a palavra “obscuramente” traz o pensamento de algo que é obscuro, ou um enigma (ARC). Embora a Palavra de Deus nos dê a luz perfeita para cada passo do nosso caminho, nem sempre satisfaz nossa curiosidade, nem responde todas nossas questões. Tenhamos isso em mente quando houver aspectos desse assunto que podem estar além de nosso entendimento.
Existem muitos assuntos trazidos diante de nós pela Palavra de Deus que estão além do entendimento humano. A mente humana só pode ir até certo ponto, e então, percebemos que estamos na esfera do infinito. Geralmente, tais assuntos consistem em duas verdades que devem ser mantidas em equilíbrio, mas que não podem ser totalmente reconciliadas pela mente humana. Acredito que a dignidade humana na criação, e a depravação do homem como resultado da queda são duas dessas verdades. O homem natural tenta reduzir essas verdades a um nível que ele possa entender, e ao fazer isso, sempre cai em erro de um lado ou de outro. Lamentável dizer, mas mesmo verdadeiros crentes, algumas vezes, fazem isso ao tentar impor uma estrutura feita pelo homem na verdade que Deus nos deu em Sua Palavra. A resposta correta para nós é adorar humildemente Aquele que escolheu revelar essas coisas para nós, enquanto percebemos que nossa mente finita não pode compreender totalmente o infinito. Podemos apreciar essas verdades, e as equilibrar em nossa vida, mas apenas ao andar em comunhão com Aquele que escolheu revelá-las para nós.
Para dar alguma estrutura ao nosso assunto, gostaria de considerar o homem em três posições ou estados. Primeiro, o homem na criação antes da queda; segundo, o homem como uma criatura caída; e terceiro, o homem em Cristo. Outras considerações serão desenvolvidas em relação a essas três posições à medida que avançamos.