Origem: Livro: Os Irmãos Abertos

O que a Escritura Ensina?

Examinando o Novo Testamento, descobrimos que há uma variedade de reuniões que a Igreja deve realizar para o ministério da Palavra. Entre os Irmãos Abertos, essas reuniões não existem ou foram alteradas para se ajustarem a uma ordem de sua própria criação. Essas reuniões para o ministério são:

UMA REUNIÃO ABERTA É uma reunião em que o púlpito é deixado aberto para o Espírito de Deus dirigir dois ou três irmãos a ministrar a Palavra (1 Co 14:26-33). Como o Senhor está no meio desta reunião e o Espírito de Deus está no controle, esses irmãos serão levados a ministrar algo da Escritura que será para a edificação da assembleia. Diz: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”. Aqueles que agem como profetas nesta reunião devem falar para “edificação, exortação e consolação” dos outros reunidos naquela ocasião em particular (1 Co 14:3).

Visto que esta reunião está aberta para o Espírito usar quem quer que “Ele queira (1 Co 12:11), pode haver alguém que pense que ele tem algo proveitoso e que ele está sendo guiado pelo Espírito, quando ele não está. Invariavelmente, esses ocupam o tempo de maneira não proveitosa. Este foi o problema em Corinto. Eles abusaram dessa reunião e a transformaram em algo livre para todos. Todos eles tinham algo que queriam “mostrar e contar”, edificando a assembleia ou não (1 Co 14:26). Eles estavam tão ansiosos para falar que estavam tropeçando uns nos outros, e as reuniões para o ministério eram conduzidas desordenadamente. O apóstolo Paulo mostra que a resposta não é excluir essa reunião do horário das reuniões, mas recorrer à maneira dada por Deus de regular a reunião, para que todas as coisas sejam feitas “decentemente e com ordem” (v. 40).

O apóstolo declara três coisas que devem regular o ministério nas reuniões abertas:

  • Devemos dar lugar à liderança do Espírito, que está implícita nas oito conjugações dos verbos “faça-se” (vs. 26, 27) “haja” (v. 27) “esteja” (v. 28) “fale” (v. 28) “falem” (v. 29) “julguem” (v. 29) “cale-se” (v. 30)
  • Os profetas devem usar o controle próprio em relação ao seu próprio “espírito” e não devem interromper um ao outro, mas espere até que o primeiro orador termine antes que o próximo fale (v. 32). Paulo disse: “Mas se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro” (v. 30).
  • Se uma pessoa persistir em falar com pouco ou nenhum proveito, a assembleia tem o recurso de poder “julgar” o ministério dessa pessoa e silenciá-la (v. 29).

É triste dizer que esta reunião foi removida das reuniões regulares entre os Irmãos Abertos. Pode haver algumas exceções, mas geralmente a resposta para os problemas que podem surgir em reuniões abertas é simplesmente não tê-las. Isso evita o constrangimento de se ter uma reunião sem proveito, mas não é a maneira de Deus lidar com o problema.

UMA REUNIÃO DE LEITURA – Os princípios essenciais de uma reunião de leitura da Bíblia são apresentados em 1 Timóteo 4:13. Diz: “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” A “leitura” de que Paulo fala aqui não é a leitura pessoal ou privada da Escritura, ou a leitura do ministério escrito, mas o de leituras públicas das Escrituras quando os santos estão reunidos (conforme nota de rodapé da tradução de J. N. Darby). Era costume da Igreja primitiva se reunir para ouvir as Escrituras serem lidas (Cl 4:16; 1 Ts 5:27). O fato de Paulo incluir “exortação” e “ensino” indica que, depois que as Escrituras eram lidas em voz alta, havia uma oportunidade para o Espírito de Deus usar qualquer um que tivesse um dom para exortar ou expor a verdade, para fazer comentários para a ajuda espiritual e entendimento dos santos. Isto é o que é uma reunião de leitura da Bíblia.

Essas reuniões foram valiosas na Igreja primitiva, porque a maioria naquela época não possuía uma cópia das Escrituras. Era o único caminho para os santos ouvirem a Palavra de Deus e obterem algum ministério útil. Essas ocasiões também promoveram comunhão. A escritura diz: “E perseveravam na doutrina e na comunhão dos apóstolos” (At 2:42 – JND). A reunião de leitura da Bíblia ainda é um meio maravilhoso de aprender a verdade.

Paulo encorajou Timóteo a usar essas oportunidades para exercitar seu dom em exortação e ensino. Ele lembrou-lhe de que ele definitivamente possuía um dom para isso, e que não deveria negligenciar o uso dele. Ele também lembrou-lhe de que tinha o apoio de seus irmãos mais velhos (“presbíteros”) que reconheceram seu dom e lhe estenderam a destra da comunhão no uso dele (1 Tm 4:14). Não devemos encorajar alguém dessa maneira, se ele não tiver um dom para ministrar a Palavra. A pessoa poderia se envergonhar, e haveria pouco proveito espiritual para os santos. Embora a reunião deva ser usada para quem pode ensinar, se não houver alguém presente que tenha um dom reconhecido para o ensino, os santos ainda poderão ser alimentados. Se vários irmãos em uma reunião expressarem o que entendem em conexão com a passagem, na dependência do Senhor, poderão contar com o Espírito de Deus para dar algo aos santos, porque Deus sempre abençoa a leitura de Sua Palavra (Ap 1:3).

Obviamente, essa reunião também pode ser prejudicada por comentários desordenados e debates de pessoas carnais. No entanto, os princípios que Paulo dá em 1 Coríntios 14, embora sejam primariamente para governar a reunião aberta, podem ser aplicados a qualquer reunião para o ministério. Se alguém fala de maneira não produtiva e persiste em fazê-lo, a assembleia tem o recurso de “julgar” e silenciar essa pessoa. Novamente, esta é a maneira de Deus de regular o ministério.

É triste dizer que os Irmãos Abertos lidaram com isso de maneira diferente. O braço “liberal” praticamente eliminou esta reunião de sua programação regular de reuniões e, assim, livrou-se de qualquer problema potencial de intromissão da carne. O braço “conservador” ainda tem reuniões de leitura, mas eles lidam com a dificuldade de outra maneira. Eles têm um mestre designado para “liderar” as reuniões; ele é chamado de “mestre ancião” (1 Tm 5:17). Esse homem conduzirá a reunião e explicará as Escrituras aos santos em forma semelhante a um discurso com todos sentados. Ele pode ter outro homem “designado” para ajudá-lo no ensino. Os outros na assembleia não devem falar enquanto a passagem estiver sendo exposta por ele ou seu ajudante. Mais tarde, na reunião, ele abrirá para perguntas por alguns minutos. Essas perguntas, é claro, são direcionadas aos mestres que explicaram a passagem aos santos. Devido à diversidade entre as reuniões dos Irmãos Abertos, esse pode não ser sempre o caso em todas as assembleias, mas geralmente o braço “conservador” tem esse formato. W. R. Dronsfield, “The Brethren Since 1870”, relata: “As leituras foram abandonadas em muitos lugares. Mesmo onde as leituras da Bíblia são realizadas, elas geralmente são controladas por um presidente designado que apresenta o assunto ou o capítulo por meio de uma palestra de duração variável e, em seguida, deixa a reunião aberta para discussão ou perguntas. O ministério pré-organizado é o costume em alguns lugares.”

Desnecessário dizer que esse arranjo humano nas leituras bíblicas da assembleia dificulta a liderança do Espírito de Deus. Um irmão pode ter algo a contribuir que ajudaria no entendimento da passagem que eles estão considerando, e o Espírito pode querer levá-lo a compartilhá-la, mas ele não deve interromper o ensino. Esse sistema pode ser uma maneira conveniente de impedir que as leituras da Bíblia se tornem desordenadas, mas não é a ordem de Deus. É realmente fazer “da carne o seu braço” (Jr 17:5). Não dizemos que um mestre talentoso não deve liderar o ensino em uma leitura da Bíblia, mas que deve ser guiado pelo Espírito ao fazê-lo, e que haja liberdade para que outros presentes contribuam conforme guiados pelo Espírito. A Escritura não reconhece nada sobre ter um homem designado para liderar no ensino; essa estrutura interfere na direção do Espírito.

Se realmente acreditamos que o Senhor está no meio, não teríamos a ideia de ter outra pessoa além d’Ele presidindo as reuniões do ministério. C. H. Mackintosh disse: “Como uma assembleia poderia continuar sem alguma direção humana? Isso não levaria a todo tipo de confusão humana? Não abriria a porta para que todos se intrometessem na assembleia, independentemente de dom ou qualificação? Nossa resposta é muito simples. Jesus é todo suficiente. Podemos confiar n’Ele para manter a ordem em Sua casa. Sentimo-nos muito mais seguros em Suas mãos graciosas e poderosas do que nas mãos do mais atraente dirigente humano”. A Escritura afirma isso; diz: “É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem” (Sl 118:8).

Externamente, as leituras da Bíblia entre os Irmãos Abertos “conservadores” podem parecer conforme a Escritura, mas, na realidade, uma ordem humana foi substituída pela ordem de Deus.

UMA PREGAÇÃO Um exemplo desta reunião é encontrado em Atos 20:7. Diz: “Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com [pregava para – KJV] eles; e alargou a prática [discurso – JND] até à meia noite.” Quando surge a ocasião, e há um irmão presente que seja talentoso em ministrar a Palavra de Deus, a assembleia poderá aproveitar a oportunidade e pedir-lhe que faça uma pregação. A reunião pode ser usada para ensinar a verdade da revelação Cristã aos santos, ou pode assumir o caráter de exortação e encorajamento práticos.

Felizmente, podemos relatar que os Irmãos Abertos usam esta reunião livremente, e Deus a usou para trazer bênção entre eles.

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Em resumo: vemos que a direção do Espírito é um pouco negada nas reuniões de ministério entre os Irmãos Abertos. Das três reuniões para o ministério que as assembleias deveriam ter, duas delas foram excluídas ou modificadas até o ponto em que o Espírito de Deus é impedido, pelo menos parcialmente. Esta não é a ordem de Deus para o ministério na assembleia. Ele gostaria que agíssemos de acordo com os princípios bíblicos e com confiança no Senhor. Se surgirem problemas nessas reuniões, devemos procurar aqu’Ele que é a Cabeça da Igreja – não inventar uma ordem humana para prevenir ou resolver o problema.

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