Origem: Livro: Justificação
O que a Escritura Ensina quanto à Justificação
Vamos agora ver o que a Escritura tem a dizer sobre justificação. O sangue de Cristo é a base disso: “Tendo sido agora justificados no poder do Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira” (Rm 5:9 – JND). O sangue é da maior significância em toda a Palavra de Deus e é a base e a prerrogativa para todas as bênçãos Cristãs. Ele tem um significado que transcende a Lei de Moisés. O sangue foi derramado para vestir Adão e Eva (Gn 3:21); vemos isso novamente na oferta de Abel (Gn 4:4). O sangue, sem dúvida, aparecia com destaque na Lei (Hb 9:18-22). “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida.” (Lv 17:11 – ARA). O derramamento de sangue vai além de dar vida; o sangue derramado de Cristo foi mais do que a evidência de Sua morte. “Este é Aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo: não só por água, mas por água e por sangue.” (1 Jo 5:6). Os sacrifícios do Velho Testamento foram uma sombra das coisas boas que viriam e, como tal, eles nos dão uma visão sobre muitas verdades do Novo Testamento (Hb 10:1). Na água, temos purificação moral; o sangue, por outro lado, trata com as exigências judiciais da condição do homem. Ao ler os primeiros capítulos da epístola de Paulo aos Romanos, onde a culpa do homem, a justiça de Deus e o assunto da justificação são abordados, a pessoa tem a sensação de que está em um tribunal de justiça – o tribunal de Deus. “Porque do céu se manifesta a ira de Deus” (Rm 1:18). Não é justiça humana, nem um tipo de justiça terrena. Nestes capítulos, encontramos como Deus, em perfeita justiça, justifica o ímpio – e é no sangue derramado de Cristo que os requisitos judiciais de Deus são cumpridos.
A ressurreição de Cristo é a prova da justificação. “Jesus nosso Senhor… O qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.” (Rm 4:25). A ressurreição de Cristo é a testemunha de que cada reivindicação que Deus tinha sobre nós foi totalmente satisfeita. Além disso, a morte e ressurreição de Cristo são aplicadas à nossa própria condição: no capítulo cinco de Romanos quanto à nossa justificação, no capítulo seis quanto à nova vida do crente e no capítulo sete quanto à Lei. Os três primeiros versículos do oitavo capítulo nos dão um resumo:
- “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8:1) – respondendo à justificação da vida (mais sobre isso será comentado adiante) encontrada no quinto capítulo.
- “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Rm 8:2) – respondendo ao sexto capítulo onde a morte e ressurreição de Cristo são aplicadas à vida do crente: “Porque aquele que está morto está justificado do pecado…. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6:7, 11 – JND).
- “Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8:3) – que tem sua contrapartida em Romanos sete; estamos, por princípio, mortos para a lei e casados com outro, Cristo em ressurreição: “Também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais Doutro, Daquele que ressuscitou de entre os mortos.” (Rm 7:4).
Somos justificados pela graça; tudo deve ser de Deus. Não há nada que possamos fazer para merecer a justificação. “Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). É tudo graça da parte de Deus. Isso é contrário à inclinação natural do homem, em que ele busca se justificar diante de Deus. Justificação, entretanto, é baseada no princípio da fé e não das obras, e é pela fé que desfrutamos dela. Deus é o “Justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3:26). “O homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.” (Rm 3:28). “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). “Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras” (Rm 4:6).
Embora eu tenha feito distinção entre perdão e justificação, nós não podemos separá-los. Quer a justificação seja vista como um perdão abrangente, ou quer a vejamos trabalhando em conjunto com o perdão, o perdão não pode ser separado da justificação. O ponto é que justificação vai além de perdão. A justificação tem dois lados. Do lado negativo, fomos eximidos de todas as acusações feitas contra nós; do lado positivo, Deus agora nos vê em uma posição inteiramente nova em Cristo. Estou diante de Deus em Cristo, em toda a bem-aventurança dessa posição, sabendo que meus pecados foram perdoados, minha culpa foi colocada de lado e fui judicialmente liberado de todas as consequências relacionadas a minha vida anterior; eu sou “justificado em Cristo” (Gl 2:17).
