Origem: Livro: Justificação

O que é Justificação?

O que é justificação? O que significa a palavra? “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9:2). A justificação contrasta com a condenação – as duas são antônimos. Além disso, as palavras justo, justificado e justificação claramente estão juntas, assim como reto, correto e retidão. Não fica, entretanto, imediatamente óbvio para quem fala português que essas famílias de palavras estejam relacionadas. Em grego (a língua original do Novo Testamento), a correlação das palavras é bastante evidente. Alguém que é reto é justo – a palavra é a mesma no grego (dikaios). Alguém que é justificado (dikaioo), foi declarado justo (dikaios). Simplificando, justificação significa declarar justo.

Agora temos uma definição bastante abstrata de justificação – declarar justo – mas gostaríamos de um entendimento mais profundo. Enquanto o perdão volta-se para a pena de nossos pecados, a justificação tira nossa culpa. Um ladrão pode ser perdoado (nesse caso, ele não paga nenhuma pena; ele não restaura o que tirou), no entanto, ele ainda é um ladrão, embora, um ladrão perdoado. Certamente não se diria, lá vai um homem justo. É importante reconhecer que o perdão não me muda – ele tira a obrigação ligada à minha culpa. A justificação, por outro lado, faz exatamente isso – por meio dela somos declarados justos aos olhos de Deus. Como pode ser isso? Como Deus pode ser justo (consistente com Seu próprio caráter) ao justificar o ímpio (Rm 4:5)? Antes de responder a esta pergunta, alguns outros equívocos devem ser abordados.

Alguns podem ter ouvido justificação (ou pelo menos o resultado dela) definida como justo como se nunca tivesse pecado. Isso está terrivelmente aquém de seu verdadeiro caráter. A questão é que nós pecamos e, pior do que isso, somos pecadores por natureza. Deus criou o homem em um relacionamento Consigo mesmo; o pecado de Adão tem consequências tanto em nossa posição atual quanto em nossa natureza. Nascemos longe de Deus e possuímos uma natureza deliberadamente independente de Deus. Aquela relação de inocência que Adão tinha com Deus foi irrevogavelmente perdida e, como resultado, todos os nascidos da raça de Adão se encontram na mesma posição. Dizer que minha condição é de justo como se nunca tivesse pecado me leva de volta ao estado de ingênua inocência. Adão era inocente no Éden; ele não conhecia o bem ou o mal. Não há retorno para esse estado – e, a propósito, nem o quereríamos. E mais, a justificação nos leva para além de ser apenas um pecador salvo pela graça. Essa expressão comum pode parecer humilde, mas não corresponde à nossa verdadeira posição. Deus não nos vê dessa maneira, e nem nós deveríamos; não é útil para o crescimento espiritual.

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