Origem: Livro: O Que é o Batismo e Quem Deve Ser Batizado

Quem São Aqueles que Devem Ser Submetidos ao Batismo?

Em conexão com isso é bom notar que, nos casos registrados na Escritura, aqueles que foram batizados, frequentemente estavam em circunstâncias muito diferentes e em estados de alma bem distintos. Encontramos judeus, samaritanos e gentios sendo todos batizados sob diferentes circunstâncias e condições. Nenhum padrão fixo é dado de antemão para ser atingido por eles. Nenhuma confissão especial é exigida (pois Atos 8:37 é espúrio). Em Atos 2, pecadores convictos são exortados a serem batizados. No capítulo 8, os samaritanos creem na pregação de Filipe e são batizados, mas não recebem o Espírito Santo, o que ocorreu somente após um tempo, e embora tenham sido trazidos ao Cristianismo ao serem batizados a Cristo, ainda não estavam “no Corpo de Cristo”, e não podiam estar até que recebessem o Espírito Santo (1 Co 12:13). Em Atos 10 temos novamente gentios, recebendo o Espírito Santo antes de serem batizados (a única vez que isso é mencionado). Saulo de Tarso vê Cristo pela primeira vez em glória, e três dias depois é batizado e é lavado de seus pecados, invocando o nome do Senhor.

Então, Lídia – cujo coração o Senhor abriu à Palavra – é batizada, e não somente ela, mas sua casa foi batizada com ela, embora nenhum registro nos é dado de que seus corações foram abertos, mas se isso tivesse sido verdade no caso deles o Espírito Santo poderia facilmente tê-los ligado a ela em referência à obra da fidelidade do Senhor para com ela. Agora ela será batizada e toda sua casa com ela, tudo deve ser colocado sob a autoridade, ou senhorio, de Cristo. Esta é sua fidelidade para com Ele, pois o versículo evidentemente a conecta com o batismo, como diz: “E, depois que foi batizada ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali”.

Lídia não só é levada ao terreno do Cristianismo, mas também toda sua casa, o que não era algo simples naqueles dias, quando estavam cercados por inimigos do Cristianismo – tanto judeus como gentios. Isto era fidelidade ao Senhor da parte dela.

A casa de Lídia é um caso distinto de batismo, sem a menor insinuação de qualquer confissão da parte deles, ou obra de Deus neles, e se essas coisas fossem verdade a respeito deles, certamente teria sido mencionado, além disso, o versículo 15 mostra que foi um ato de Lídia, por assim dizer, que é feito sob sua responsabilidade. É o batismo de casas, estabelecido de forma clara e simples pela Escritura, relacionado à responsabilidade e fidelidade (até onde chegava) da cabeça da casa – embora nesta casa seja uma mulher.

Sei que foram feitos esforços para se livrar da força desse exemplo de batismo de casas, que suposições foram levantadas e conclusões tiradas sem qualquer fundamento para elas, geralmente dizendo que Lídia nem mesmo tinha uma casa, no sentido em que a palavra “casa” é usada aqui, o que geralmente significa família ou descendentes. A Escritura é muito precisa quanto a isso, como veremos observando o caso do carcereiro, mais a frente no mesmo capítulo.

O apóstolo, em resposta à sua pergunta, “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?”, imediatamente liga sua casa a ele (veja também At 11:14). Em seguida, temos a Palavra do Senhor pronunciada “e a todos os que estavam em sua casa”, que poderia incluir mais do que “tua casa” do versículo anterior. No versículo seguinte, o batismo entra em cena, e ele mesmo e “todos os seus”, e não todos o que estavam em sua casa, foram batizados como nos é dito, a distinção feita aqui é muito clara.

O carcereiro seria responsável pelo batismo de sua casa – “todos os seus” – mas não por outros que estivessem em sua casa na ocasião – outros carcereiros, servos, etc. “Todos os seus” incluiria apenas aqueles pelos quais ele era responsável por causa de seu relacionamento com eles e, portanto, incluiria até a mais nova criança. Pode-se argumentar que não há provas de que ele tinha filhos. Eu respondo: isso não afeta o ponto, que é que “todos os seus” estavam conectados a ele nas bênçãos e privilégios exteriores e, portanto, foram batizados, e o que é insistido é que esse princípio inclui a mais nova criança. Como já mostramos, foi um exemplo de admissão da casa, juntamente com a cabeça dela, ao lugar de privilégio. Será que eles têm direito a isso com base no seu relacionamento? E se têm, eles certamente devem ser batizados, e se eles são adultos não é a questão aqui, desde que estejam na casa e, portanto, sob a autoridade da cabeça dela.

A tradução do versículo 34 na Versão Autorizada (KJV) não está totalmente correta. No original é dito: “na sua crença em Deus alegrou-se com toda a sua casa” (ARC). Era uma família feliz, agora que ele havia sido salvo e deixado os ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro.

Naqueles dias se as pessoas a quem o evangelho fosse pregado não o recebessem, certamente elas não seriam batizadas. Se elas recusassem o Cristianismo, recusariam também o batismo, e se o aceitassem seria exteriormente, pelo batismo.

Somente Deus podia ver o coração, se havia fé ou mera profissão (como no caso de Simão, o mago): se fosse apenas profissão, não haveria recebimento do Espírito Santo, apenas haveria o recebimento no lugar em que Ele habitava e, portanto seria testemunha e participante de Suas operações.

Ninguém entre nós, que eu saiba, defende o batismo infantil como tal, ou seja, que os bebês devem ser batizados porque são bebês. Aqueles, portanto, que estão combatendo isso, estão combatendo um erro imaginário, criado por eles mesmos. Que algumas crianças devem ser batizadas, não tenho dúvida, não porque são crianças, mas porque são filhos de pais crentes. Que os pais que creem devem batizar seus filhos, tenho a mesma certeza, mas, como esse é o principal ponto de discordância de muitos, entraremos mais profundamente neste assunto.

Encontramos dois princípios por toda Escritura que se relacionam diretamente a isso. Um, já mencionado, é que a família está sempre ligada com a sua cabeça, em privilégio ou no governo de Deus. O outro, que está intimamente ligado a este, é que a cabeça é responsável pela família. Noé é um exemplo notável do primeiro caso e Eli, do último.

A casa de Noé entrou com ele na arca, porque era sua casa e porque ele era justo (veja Gn 7:1). Se algum deles fosse criança, certamente teria esse privilégio da mesma forma como o mais velho, não por ser criança, mas por ser da família de Noé.

O dilúvio fazia parte dos tratamentos governamentais de Deus com a Terra, e foi em conexão com estes que eles foram privilegiados, mas nem o privilégio de entrar nem o relacionamento com Noé teriam valor se Noé não os tivesse levado para dentro da arca. Tampouco estar na arca afetou seu estado de alma, nem lhes deu fé, como vemos depois que cada um deles assumiu o seu estado individual, Sem foi abençoado e Cam amaldiçoado. Novamente, o caso dos israelitas dá testemunho desse princípio. Todos foram batizados a Moisés na nuvem e no mar, quando não se tratava de fé individual, mas de bênção e privilégio exteriores e de relacionamento, que deu o título, e circuncisão, que introduziu a esses privilégios no caminho de Deus, pois Ele havia dado a circuncisão em conexão com esta posição exterior de privilégio diante d’Ele. Abraão agiu sobre este princípio em seus dias e, ao fazer isso, não fez distinção entre Ismael e Isaque. Havia uma grande distinção em outras coisas, como fé pessoal, etc., mas não nisso. A questão era que eles pertenciam a Abraão – faziam parte de sua casa e era responsabilidade dele – seu ato decorrente do que Deus havia dado e feito conhecido a ele. Ele não espera até que Isaque cresça para ver como vai se sair primeiro, nem recusa Ismael, porque não tinha fé. O batismo de casas segue o mesmo princípio. No caso de Abraão, isso assumiu a forma de um comando, depois ligado a um sistema de leis, mas isso não toca o princípio, que é tão claramente estabelecido no Novo Testamento. O Senhor diz, de Zaqueu: “Hoje veio a salvação a esta casa”. Pedro diz, em Atos 2: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos” (v. 39). Paulo diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16:31).

Juntamente com isso, encontramos o outro princípio a que aludimos, a saber, que a cabeça da casa é responsável pela família. Deus diz a Abraão: “Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele” (Gn 18:19). Eli, por outro lado, recebe a mais severa reprovação e julgamento de Deus, porque falhou em governar sua casa de acordo com sua posição e privilégios. Eles eram circuncidados, sem dúvida, e, portanto, trazidos para o que eles tinham direito por nascimento, mas agora, estando lá, ele era responsável por ensiná-los de acordo com a posição em que estavam. Ele estava errado, não em circuncidá-los primeiro, mas em não ensiná-los depois.

Também vemos este princípio no Novo Testamento.

Em Efésios 6 lemos: “E vós, pais criai-os (os filhos) na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4). O pai é responsável por fazer isso. Eli era responsável por seus filhos, e foi julgado por causa dos pecados deles. Seus filhos foram julgados, mas Eli também foi. Os pais Cristãos precisam ponderar sobre isto de um modo solene. Alguns dizem: “Eu ensino meus filhos sobre Cristo, e coloco o evangelho diante deles, e dou-lhes um bom exemplo, e o que mais posso fazer?” Isso foi suficiente no caso de Eli? Se eles não tivessem sido seus filhos, compartilhando de um lugar de privilégio pela conexão que tinham com ele, isto teria sido suficiente, como com um Cristão em relação ao mundo, é tudo o que ele pode fazer e é responsável por fazer em conexão com isso. Mas este não é o lugar que ele deve dar a seus filhos; isso não é criá-los na doutrina e admoestação do Senhor, pois não trazemos o mundo a eles. Eli, como sabemos, fez muito, ele deu um bom exemplo a seus filhos, ele os ensinou e até os reprovou, mas não os criou na doutrina e admoestação do Senhor, e Deus o considerou responsável pela iniquidade deles. Ele poderia alegar, como muitos estão prontos para fazer hoje: “Não posso dar a meus filhos uma nova natureza, nem criar neles desejos pelo que é certo e bom. Devo deixá-los com Deus para que Ele faça isso”. Em resposta, Deus considera cada pai responsável por criar seus filhos como filhos Cristãos, sob a autoridade de Cristo, sujeitos a Ele e em separação do mundo. A casa inteira deve ser separada para Cristo e estar sujeita a Ele. O deserto poderia não ser um lugar tão agradável para os jovens que foram batizados a Moisés, como era o Egito. Mas essa não era a questão, mas sim a conexão deles com Deus e com Moisés, a quem Ele deu autoridade, e sua completa separação do Egito e de seus governantes.

Os filhos de pais crentes devem, portanto, estar em um lugar distinto do mundo, para serem criados no temor do Senhor, e estarem em obediência plena e sujeição aos pais em tudo. Isso é de primordial importância em todos os casos. Os pais têm todo o direito de contar com Deus para a salvação de seus filhos, e para procurar e observar a manifestação da vida divina e fé em Cristo em seus filhos. As crianças devem fazer parte de uma família Cristã, e o batismo é a admissão exterior de um Cristão, assim como do reconhecimento do senhorio de Cristo no ato. A cabeça da casa não é responsável por reconhecer a autoridade de Cristo quanto a todos os membros de sua casa? Ele não deveria colocá-los no terreno onde isso é reconhecido, e da maneira que Deus estabeleceu? Recusar-se a fazê-lo é, com efeito, dizer que eles não são diferentes do mundo, ou então, agir de acordo com o princípio de Caim, embora involuntariamente, apresentar algo a Deus à parte da morte, ou seja, agir como se o pecado não estivesse no mundo, e os filhos não fossem por natureza pecaminosos e separados de Deus. Este é outro princípio, que não podemos ter relacionamento com Deus à parte da morte – daquilo que estabelece a morte de Cristo, da qual a circuncisão sob a lei e o batismo no Cristianismo são os símbolos ou figuras – mais plenamente expressos pelo batismo, como o Cristianismo está acima e além do judaísmo. Um, sendo um comando, está conectado com um sistema da lei, o outro da graça, está conectado com uma dispensação da graça que flui da morte de Cristo.

Há quem se contente em afirmar que não há nenhum mandamento nas Escrituras para batizar os filhos de um crente, como se isso resolvesse a questão. Mas essa não é a maneira bíblica de se considerar as coisas e nem afeta as provas de que uma pessoa está agindo de maneira consistente com o ensino e a prática da Escritura ao batizar sua casa, pois não é uma questão de ordenança, mas de agir de acordo com os princípios que as Escrituras tornam conhecidos e estabelecem. Devemos lembrar que princípios não são deduções ou suposições, eles formam uma parte importante da Palavra de Deus e são dados para a nossa orientação.

Antes vimos que não há mandamento para ser batizado, e também mostramos que a Escritura não estabelece nenhuma regra sobre quem deve ser batizado, mas temos ensinos, princípios e práticas da Escritura para nos guiar.

Se as pessoas desejam um mandamento, existe apenas um que eu conheço, e seu ensinamento é muito claro, que é, Mateus 28:19-20, que citarei: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em [para o – JND] nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (ARA). Estou ciente de que isso não tem nada a ver com a Igreja ou a assembleia, que é um ajuntamento saído das nações, mas aqui está o batismo, para todos aqueles, que se estende para além da posição da Igreja. Agora, porém, estamos considerando isso em conexão com o Cristianismo, ou a presente dispensação.

O que vimos é que o batismo coloca uma pessoa no terreno do Cristianismo e os filhos de pais Cristãos devem estar ali, pois devem ser educados nesse terreno e em sujeição a Cristo, e o que eu tenho procurado mostrar é que um crente, ao batizar sua casa, está agindo de forma escritural, de acordo com os princípios e ensinamentos da Escritura.

Se um crente considera seus filhos meros pecadores como o resto do mundo, e, portanto, se recusa a batizá-los, é contrário ao princípio que acabamos de considerar “tu e a tua casa”, conectado às bênçãos governamentais, e se ele diz que pode criá-los na doutrina e admoestação do Senhor sem batizá-los, está deixando de lado o outro princípio que observamos, e ignorando o lugar em que o pecado nos colocou, como filhos de Adão, e que não podemos ser colocados em uma posição de relacionamento com Deus, mesmo que exteriormente, à parte da morte. Não apenas isso, vimos que o batismo está conectado ao Cristianismo, a fronteira, por assim dizer, entre ele e o mundo, e um Cristão nunca deve admitir o pensamento de que seus filhos estão crescendo para o mundo ou se tornando ímpios, e se eles estiverem, não seria o pai o responsável por isso?

Em Efésios 4, temos mais instruções sobre esse assunto, e sua consideração pode ser útil. No versículo 4 temos três coisas que são inseparavelmente conectadas: “Um só Corpo”, “Um só Espírito”, “Uma só Esperança”. Estas não podem ser separadas, elas devem ir juntas. Então, no versículo 5, temos um círculo maior, e três coisas novamente conectadas ali, e elas não devem ser separadas, devem ir juntas como no versículo: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. O versículo 4 se refere a todos os que têm o Espírito Santo e, portanto, estão no Corpo de Cristo. O versículo 5 envolve todos os que estão sob a autoridade de Cristo professamente. Um Cristão deve (como muitos admitem) educar seus filhos na fé de Cristo e ensiná-los a reconhecer Sua autoridade, e como vimos, é exatamente onde o batismo entra, e não em conexão com o Corpo e a Esperança.

Mas tem sido dito: “Você deve então reverter a ordem dos versículos e colocar o batismo em primeiro lugar”. Respondo: Não! Não há sentido nisso, pois se não houvesse o senhorio de Cristo e a fé Cristã, não haveria sentido no batismo, mas quando você tem um Senhor e Cristo para batizá-los a Ele, e pretende criá-los na fé de Cristo, há um significado evidente em batizá-los sem ter que inverter a ordem do versículo que estamos considerando.

As pessoas podem argumentar sobre isso e explicar o que já é suficientemente claro, ou como às vezes é feito, apontar para o fracasso posterior em relação aos filhos ou àqueles que os batizaram e ao mau comportamento das crianças que foram batizadas e manter-se na escuridão e na confusão quanto a essas coisas. Mas o fracasso da parte daqueles que praticaram o que é certo não compromete o que é certo, nem altera a verdade da Escritura; nem o fracasso de Eli deveria fornecer uma razão pela qual os israelitas não devessem circuncidar seus filhos até que vissem como se comportariam.

Se fosse uma questão de algo relacionado a esta vida, ou ganho nas coisas desta vida, eles não pensariam ou agiriam assim. Se um pai soubesse que alguma vantagem temporal poderia ser obtida para seu filho nas coisas concernentes a esta vida, ele seria rápido o suficiente para obtê-la, sem esperar até que a criança crescesse, para ver se ele era digno ou merecedor disso, ou disposto a aceitá-lo.

Mas alguns dizem: “Que vantagem há em batizá-los, de que servem os privilégios para eles, se eles se tornarem ímpios. Em que sentido seus filhos são melhores que os meus, etc.?” Eu respondo novamente, um pai Cristão nunca deve permitir o pensamento que seus filhos vão se tornar ímpios. Ele é responsável para que não seja assim, mas, de qualquer forma, privilégios são privilégios. Como as pessoas irão tratá-los não altera o fato de serem reais e valiosos. O que Israel fez com seus privilégios? Abusou deles vergonhosamente. Porém, “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira”, diz a Escritura (Rm 3:1).

Alguns podem deixar de apreender a natureza e o valor desses privilégios, e em um dia como o presente, precisamos de paciência e longanimidade uns para com os outros, mas aqueles que os conhecem são responsáveis por valorizá-los. Também é bom que aqueles que insistem que o batismo de casas é errado (e não faltam os que falam de maneira mais amarga e contundente sobre isso), e que o batismo deve sempre seguir a conversão e fé em Cristo, saibam que não apenas eles não têm Escritura para sua segunda afirmação, mas quanto à primeira, se opõem aos ensinamentos, princípios e práticas da Escritura, pois ali vemos pessoas sendo batizadas sem a menor garantia de dizer que creram de antemão.

Naqueles dias, as pessoas entendiam muito bem que, quando batizadas, eram assim tornadas Cristãs exteriormente, isto é, tomaram esse terreno e trouxeram suas famílias para lá também. Se eles não as batizassem (sua casa), eles ainda permaneceriam em terreno judeu ou pagão, mas no momento em que também foram batizados, foram rompidos de suas conexões anteriores e compartilharam a perseguição de seus pais. Eles também foram tirados do campo rebelde e colocados sob a autoridade de Cristo; podem ser derrubados pelo inimigo, podem ser batizados “pelos mortos”, como alguns eram naqueles dias.

(Nem todos eram batizados “pelos mortos”. O apóstolo não disse que os coríntios eram, mas pergunta a eles: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam?” E os coríntios não estavam sendo perseguidos.)

Alguns podem dizer: “Como as crianças podem “vestir a Cristo” ou serem “batizadas pelos mortos?” Mas deixe-me perguntar, se não forem batizados, onde eles estarão? Se um judeu fosse convertido e batizado, mas não seus filhos, onde seus filhos estariam? No campo judaico, é claro, no campo rebelde – identificado com os rebeldes. Seria então um caso de fidelidade ao Senhor, como Lídia, o ato de tirá-los de lá, e eles, quando batizados, seriam tirados do judaísmo e rejeitado por seus amigos de lá. Quando um judeu era assim despertado (como em Atos 2), ele se contentaria em escapar sozinho do lugar apóstata e condenado e deixar sua família ali? Certamente não, mas, como no Egito antigo, diria: “nem uma unha ficará”. Ele não esperou para ver se eles seriam convertidos primeiro, ou até que eles crescessem para escolher entre o judaísmo e o Cristianismo por si mesmos.

Agora, observaremos a maioria dos casos de batismo e passagens onde ele ocorre. É claro que onde alguém insiste que o batismo deve necessariamente seguir a conversão e que não é a recepção ao terreno Cristão, não haverá apreensão do valor do batismo de casas, embora, como vimos, ele tenha sido praticado no início e os princípios que justificam um Cristão ao batizar seus filhos, são ensinados claramente na Palavra; e por casa de um Cristão entende-se aqueles por quem ele (ou ela) é responsável perante Deus, ou, como expresso no caso do carcereiro, “todos os seus”. Nem todos o que estava em sua casa, o que poderia incluir (no caso do carcereiro) outros carcereiros, servidores, amigos, etc. Paulo falou a Palavra do Senhor para todos em sua casa.

Fora da casa de um crente não há autorização para se batizar alguém, a menos que haja primeiro arrependimento, ainda assim, a responsabilidade está com quem batiza em todos os casos, e embora, como é frequentemente o caso nos dias de hoje, nem o batizador nem o batizado, nem os pais dos batizados, possam ser verdadeiros crentes, aquele que está agindo como servo de Cristo, e aquele que é batizado é batizado a Ele, e trazido para o lugar de privilégio, conectado a Ele, exteriormente na Terra, e o ato não pode ser cancelado ou anulado. Quem batizou terá que prestar contas de sua obra como servo de Cristo, tendo tomado esse lugar, o outro terá que prestar contas como alguém que está no terreno do Cristianismo. Isso não é mera suposição, a Escritura prova isso. Vemos a assembleia em Sardes, em Apocalipse 3, sendo vista como responsável por estar em terreno Cristão, contudo, o Senhor diz que eles “estão mortos”, mas são tratados na posição de ser uma assembleia e ter o “nome de que vive”. É geralmente admitido que esta assembleia se refere ao protestantismo em seu caráter e condição geral. Mas sabemos que quase todas as denominações praticam o batismo quando seus súditos são jovens. Porém, sejam velhos ou jovens, nós os encontramos em Apocalipse 3, sendo tratados como estando no terreno da assembleia. Eles foram trazidos ali apenas pelo batismo. Esse sempre foi o objetivo na igreja professa (até onde eles estiverem certos), de fato, esta é a única maneira que alguém já foi, ou poderia ser, levado ao terreno do Cristianismo, mas descobrimos que esses professos sem vida (batizados na maior parte na infância) são tratados como responsáveis porque estão no terreno da assembleia, o que mostra claramente que o batismo deles é válido e incorre na responsabilidade perante Deus de responder aos privilégios aos quais foram introduzidos.

Mais uma vez, descobrimos que existem no Novo Testamento, em conexão com o Cristianismo, aqueles que são tomados como servos de Cristo, tanto em Sua casa quanto no mundo, que não são convertidos de maneira alguma (Mt 24:48 e 25:26). Como e por que eles apareceram ali? Como eles foram julgados como servos de Cristo, e sua obra foi executada por Ele como Seus servos? Isso prova novamente que existe esse lugar exterior conectado ao nome e à autoridade de Cristo na Terra, além de ter vida, e mostra a loucura do que é chamado de “re-batismo”, porque o primeiro batizador não era salvo ou porque os pais não eram Cristãos verdadeiros, ou os batizados não se converteram. O batismo permanece bom diante de Deus, como vimos, e se a pessoa é batizada mil vezes depois, não altera nada, nem acrescenta mais nada a quem foi batizada, mas quem tenta re-batizar alguém está simplesmente dando um passo na posição de um juiz, pronunciando-se sobre o trabalho de um companheiro, julgando antes do tempo e praticamente dizendo que ele pode fazer o trabalho melhor.

Os mesmos princípios se aplicam aos pais que talvez não sejam salvos e batizam seus filhos; como vimos, eles são responsáveis juntamente com o batizador, como possuindo Cristo professamente, e colocam seus filhos sob Sua autoridade.

É um dia de confusão e formalidade, e somos chamados a andar em separação de tudo o que não é de Deus nem verdadeiro diante d’Ele, mas devemos ter pensamentos baseados na Escritura sobre todas essas coisas, para que não sejamos confundidos ou enganados pela confusão reinante. Não devemos abandonar o que Deus deu porque os homens o perverteram e abusaram.

Os Cristãos às vezes dizem: “Bem, mas pessoas não convertidas batizam seus filhos, e não devemos fazer como eles”. Também poderíamos dizer: “eles têm a ceia do Senhor nos vários sistemas dos homens e, em alguns casos, estão ligados a erros extremos, e, portanto, é melhor abandonarmos completamente esta prática”. Nunca teremos pensamentos claros raciocinando a partir da confusão existente, nem tomando certos casos ou exemplos supostos para criar uma dificuldade no caminho. Temos princípios e práticas na Escritura, e nossa sabedoria é se apegar a eles e agir de acordo com eles, por mais que possam militar contra o nosso pensamento anterior.

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