Origem: Livro: Os Patriarcas
Reconhecendo a disciplina
Jacó passou pouco tempo sob as provações e tristezas de sua estadia com Labão, antes de ser visitado conforme o mesmo padrão de sua própria ofensa em casa. Ele havia enganado seu pai com relação a seu irmão e a bênção. Labão agora engana Jacó com relação a Raquel e o casamento. Mas em grande parte do seu comportamento durante os vinte anos que passou com Labão, vemos o que havia de excelente nele. Pois a força e a influência de saber que estamos sob a mão de Deus para correção são necessariamente sentidas por uma mente que tem algo correto em relação a Deus. Não é que a natureza seja alterada ou quebrantada sob tal pressão, mas deve, em certa medida, mais ou menos, ser controlada. Davi, quando sob repreensão, dura e humilhante como jamais um santo se expôs, comporta-se de forma bela. Suas palavras a Itai, a Zadoque e a Husai, seu ressentimento pela ação dos filhos de Zeruia, suas humilhações, suas lamentações sobre Absalão e seu uso de sua vitória como se tivesse sido uma derrota, tudo isso e mais do que isso do mesmo tipo, mostra-nos uma obra abençoada do Espírito em sua alma. Em Jacó, em Padã-Arã, não conseguimos nada tão bom quanto isso, eu sei; mas, se não me engano, temos um santo sob disciplina, consciente da disciplina, entendendo bem o caráter do momento sob a mão de Deus e a justiça da repreensão do Senhor, comportando-se com mansidão e vigilância. Ele se submete em silêncio às injustiças de um senhor maligno. Ele serve pacientemente e sofre sem reclamar. Seu salário foi alterado dez vezes, mas ele não responde novamente. Em tudo isso ele é humilhado sob a poderosa mão de Deus, como alguém que estaria inclinado a lembrar seus próprios caminhos passados. E ao final de vinte anos de trabalho árduo e maus tratos, ele é capaz de testemunhar sua fidelidade, e o próprio Deus parece selar o testemunho. Pelas providências de Sua mão, e pelas revelações nas visitações de Seu Espírito, e também por interferências diretas com o próprio Labão, o Senhor protege, abençoa e justifica Jacó.
Há beleza nisso. Não digo que a natureza ficou mortificada, que a raiz da amargura foi julgada. Descobriremos, eu sei, que depois disso Jacó ainda é o velho Jacó, tristemente traído pelo mesmo fermento que trabalhou nele desde o início. Mas, enquanto estava na casa do sírio, Jacó era como alguém que sabia estar sob a poderosa mão de Deus quanto à correção, e se comportou de acordo, nem se justificando contra reprovações, nem lutando por seus direitos diante de ofensas e injustiça.
