Origem: Livro: Reunião de Irmãos
Responsabilidades e Deveres Atribuídos à “reunião de irmãos” e à “Assembleia”
Caro irmão, você poderia gentilmente responder, em uma edição futura, às seguintes perguntas?
Pergunta 1: O que é conhecido entre nós como uma “reunião de irmãos” tem o direito de ser considerada como representante da “assembleia”, de modo que seus atos devam ser considerados como atos da “assembleia”?
Pergunta 2: Qualquer reunião, da qual alguém em comunhão (homem ou mulher) esteja formal ou tacitamente excluída, tem o direito de ser considerada como “a assembleia” ou como representante dela?
Pergunta 3: Devo deduzir corretamente, de sua publicação de maio, que você consideraria a “reunião de irmãos” uma simples reunião daqueles na “assembleia” que “exercem a liderança”, para cooperação e aconselhamento em questões de detalhes que não exigem ação direta da assembleia? E que, nos casos em que (agindo no espírito de Mateus 18:15-16) se mostraram incapazes de corrigir o mal, e medidas extremas parecem ser necessárias, a única função que lhes resta é relatar o problema à “assembleia” para ser tratado ali?
Pergunta 4: Seria apropriado que os “irmãos”, ao apresentarem um caso da natureza acima perante a “assembleia”, o expusessem da seguinte maneira: que haviam examinado o caso e estavam convencidos de que o mal requeria uma ação de exclusão, e que, portanto, tal pessoa já não estaria mais em comunhão? Ou deveria assumir algo como o seguinte: que tal caso havia estado diante dos irmãos; que eles tinham estado investigando os fatos e estes foram achados conforme lhes foram denunciados; que eles haviam esgotados os esforços para retificar o assunto e que agora, como último recurso, eles apresentam o caso perante a “assembleia” para sua determinação?
Pergunta 5: Neste último caso, deve-se esperar da “a assembleia” que ela trate o caso imediatamente, simplesmente com base no relato e no conselho dos irmãos, ou deve-se conceder tempo (exceto em casos de notoriedade ou pressa imperativa) para que indivíduos na “assembleia” que o desejassem pudessem se informar, em particular, antes de assumirem as responsabilidades da ação diante do Senhor?
Pergunta 6: O reconhecimento de uma “reunião de irmãos” como representante da “assembleia” não seria um retorno ao “sistema”? – o próprio princípio de uma “kirk Session”? [1]
[1] N. do T.: Uma “kirk Session” é uma sessão (do latim sessio, que significa “sentar-se”, no sentido de sentar-se para deliberar ou discutir algo; às vezes chamada de consistório ou conselho da igreja) é um corpo de presbíteros eleitos que governa uma igreja local dentro da estrutura de governo presbiteriana. ↑
Resposta: Uma reunião daqueles que se dedicam ao ministério dos santos pode, com razão, consultar e decidir sobre assuntos que dizem respeito à obra do Senhor e aos santos, exceto em casos como recepção ou por fora de comunhão, onde, segundo a Escritura, a assembleia como tal é chamada a agir. Mas não conheço nada sobre uma reunião, mesmo de anciãos, que possa ser considerada representativa da assembleia.
Há ação individual, ação conjunta e ação da assembleia: cada uma verdadeira, importante e sancionada pelo Senhor; mas uma não representa a outra. A assembleia, em si mesma, é e implica o lugar de todos, irmãos e irmãs, com o Espírito agindo livremente em seu meio para manter a glória e a vontade do Senhor. Mas uma reunião de homens que lideram entre os irmãos é de grande valor, substancialmente do presbitério em princípio, ainda que não agora em nome; pois é prejudicial estar sempre ocupando a assembleia com perguntas – o resultado natural de homens que desejam colocar a assembleia contra o ministério e, assim, naturalmente usá-la para sua própria importância pessoal. Mas nenhum indivíduo, por mais capacitado que seja, pode agir pela assembleia, embora possa ser útil à assembleia, capacitando-a a julgar perante o Senhor, e possa representar moralmente a assembleia aos olhos do Senhor, para louvor ou censura.
Em geral, também, os casos de mal, que são corretamente apresentados a todos, são tão claros que não deixam hesitação. Ainda assim, há ocasiões em que a assembleia pode exigir mais tempo ou evidências antes do ato extremo de “tirar do meio”; nem se deve apressar a assembleia em medidas precipitadas por indivíduos que pensam que o único remédio para todo mal (o ponto mais forte de sua própria falta de sabedoria e poder) é a exclusão.
Em cada caso, a assembleia deve ponderar com seriedade e calma, mas no sentido de sua própria responsabilidade para com o Senhor, e não como mero grupo executivo de anciãos ou líderes, que estão sujeitos a fraquezas de vários tipos; a assembleia tem a presença do Senhor para contar com Ele de uma maneira bastante peculiar e está sujeita diretamente a Ele somente. A questão de agir imediatamente ou não depende inteiramente da natureza do caso; nunca deveria se degenerar em uma especulação, mas ser o fruto de um julgamento consciente em liberdade diante de Deus.
Agir simplesmente sob o julgamento de um suposto representante seria um ato presbiteriano, não como a Igreja de Deus; a assembleia agir apenas por si mesma seria congregacional. É a Igreja de Deus; e na atual ruína, o Senhor graciosamente confere a mesma validade até mesmo a “dois ou três” reunidos em Seu nome. Se a representação se encaixa corretamente, é aqui: em certo sentido, a assembleia local representa a Igreja em todos os lugares; e a Igreja em todos os lugares, em todos os casos ordinários, age sob o julgamento da assembleia local. É a presença do Senhor em seu meio que lhe confere tal peso. A ação da Igreja, de outra forma, é humana.
W. Kelly – Bible Treasure