Origem: Livro: A Epístola aos HEBREUS
Sair Para o Novo Lugar de Reunião Fora do Arraial (vs. 11-14)
Nestes versículos, o escritor menciona um ritual relevante relacionado com a oferta pelo pecado que teve seu cumprimento na morte de Cristo – “os corpos dos animais”, que foram oferecidos, foram consumidos com fogo em um lugar “fora do arraial” (Lv 4:12). Como cumprimento disso, o Senhor Jesus “padeceu fora da porta” de Jerusalém (Jo 19:20). Ele foi expulso do sistema do judaísmo por seus líderes perversos e lá morreu como um criminoso. Mas ao ser expulso desse sistema, Deus fez de Cristo o novo centro de reunião para aqueles que O recebem como seu Salvador. O efeito da morte de Cristo fora do judaísmo era “santificar o povo com o Seu próprio sangue” num sentido relativo ou externo (cap. 10.29). Isto é, estabeleceu um novo terreno sobre o qual os crentes devem se reunir em separação do judaísmo.
Assim sendo, o escritor exorta: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério.” Tem sido frequentemente perguntado: “O que exatamente é ‘o arraial’?” É uma expressão que caracteriza o judaísmo e seus princípios e práticas a ele relacionados. Assim, o versículo 13 é um chamado formal a todos os crentes naquele sistema judaico para cortar suas conexões com ele indo ao Senhor Jesus que está fora desse sistema. Ele é o novo Lugar de Reunião – o Centro de reunião dos Cristãos (Mt 18:20). Esta não é uma localização geográfica como no judaísmo (ou seja, o templo em Jerusalém), mas sim, um terreno espiritual de princípios sobre os quais Deus deseja que os Cristãos se reúnam para adoração e ministério.
Visto que a profissão Cristã se tornou permeada de princípios e práticas judaicas e existe em quase toda parte uma mistura dos dois sistemas, esse chamado para ir a Cristo “fora do arraial” tem uma aplicação muito prática para nós na Cristandade. O princípio é simples: os crentes são chamados a se separar do judaísmo – independentemente de onde possa ser encontrado, ou de que forma possa estar. Poderia ser no judaísmo formal (uma sinagoga) ou em locais de adoração de aparência judaico-Cristã (as igrejas da Cristandade). Esse chamado para separar do judaísmo levou os Cristãos exercitados a dissociar-se das igrejas na Cristandade, onde essa mistura existe, e se reunirem simplesmente ao nome do Senhor Jesus (Mt 18:20). (Compare com 2 Tm 2:19-21).
Alguns Cristãos que são defensores da mistura judaico-Cristã nos sistemas da igreja dirão que “o arraial” se refere estritamente ao judaísmo formal, e nada mais. Qualquer extração disso, em suas mentes, não é considerada o arraial. No entanto, se este raciocínio estivesse correto, então os crentes judeus, que foram chamados a se separarem do arraial, não precisam realmente se separar da sinagoga, porque mesmo a seita mais estrita do judaísmo hoje é apenas uma derivação do verdadeiro judaísmo bíblico que Deus deu por meio de Moisés. Mesmo quando o Senhor estava aqui na Terra, o judaísmo havia se tornado descontroladamente distorcido pelas interpretações e tradições dos anciãos. Hoje é simplesmente muito mais distorcido. Este argumento, portanto, é certamente falso, e só é insistido para evitar que uma aplicação prática seja feita aos frequentadores de igrejas. É verdade que muitas das coisas judaicas nessas igrejas foram alteradas um pouco para se adequar a um contexto Cristão, mas esses locais de adoração ainda têm, em princípio, os ornamentos do judaísmo. De fato, se fôssemos pedir-lhes a base na Escritura para muitas de suas práticas religiosas, apontariam livremente para o judaísmo do Velho Testamento como seu modelo. Grande parte da atual ordem judaico-Cristã existe há tanto tempo no Cristianismo que se tornou aceita pelas massas como o ideal de Deus. O que aconteceu em grande medida é que a Cristandade se uniu ao “arraial” da religião terrena, que é a própria coisa de onde o versículo 13 chama os crentes para sair.
O escritor acrescenta que, como o Senhor saiu do arraial para levar nosso juízo como a oferta suprema de pecados, devemos agora ir para fora do arraial para Ele e, ao fazê-lo, levaremos Seu “vitupério” (reprovação). Assim há reprovação ao se reunir ao redor do Senhor fora do arraial porque esse novo terreno de reunião é algo rejeitado. Portanto, devemos estar preparados para suportar o sofrimento em relação a isso. A reprovação que esses crentes hebreus sentiam vinha principalmente dos que estavam no arraial. E os crentes que se separarem dos princípios judaicos nas igrejas da Cristandade também descobrirão que a censura virá principalmente daqueles que, nos sistemas da igreja, não se separarão dessa mistura. O apóstolo João chamou as pessoas que tomam este terreno de aparência judaico-Cristã: os “que se dizem judeus e não o são, mas mentem” (Ap 2:9, 3:9).
O escritor acrescenta que “aqui” na Terra “não temos (nós Cristãos) cidade permanente”, como os judeus tinham em Jerusalém (v. 14). Em vez disso, ele diz: “mas buscamos a futura (uma cidade celestial)”. Assim, não há sedes terrenas no Cristianismo. Assim, o novo lugar Cristão de adoração é:
- Dentro do véu quanto aos nossos privilégios espirituais (Hb 10:19-20).
- Fora do arraial quanto à nossa posição eclesiástica (Hb 13:13).
