Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Salmo 110

Este Salmo transmite, implícita ou informalmente, a resposta de Jeová ao clamor precedente. A ascensão de Jesus aos céus, Sua vingança contra todos os que se levantaram contra Ele e Sua exaltação em Seu reino na Terra são declaradas.

Este Salmo, nesse sentido, sugere um esboço de todo o propósito de Deus concernente à Terra.

O olho do profeta, por assim dizer, segue Jesus no dia do Monte das Oliveiras ou Betânia (Lc 24:50; At 1:9-11) até o céu e vê Sua posição lá à direita de Jeová (v. 1). Nessa visão, ele se dirige a Jesus como Adon (vs. 2-4) e diz a Ele o que Jeová estava preparando para Ele – uma vara de poder, um povo disposto e as mais altas dignidades pessoais. Então, voltando-se de Adon para Jeová, ele diz a Ele de que maneira Jesus (Adon) possuiria o reino assim preparado para Ele (vs. 5-7).

Esta é, creio eu, a estrutura deste diferenciado Salmo.

É digno de reflexão se a palavra indefinida “até” (v. 1) não é o fundamento de Marcos 13:32. E, além disso, sendo esse reino a recompensa do serviço do Messias, o tempo e todas as outras circunstâncias dele estariam à disposição do Pai (Mt 20:23; At 1:7).

Conectado com o Salmo 16, este Salmo nos dá uma bela visão da gloriosa ascensão de Cristo – Deus O acolheu no alto com as palavras: “Assenta-Te à Minha direita até que Eu ponha os Teus inimigos por escabelo dos Teus pés”; e Cristo, por assim dizer, respondeu: “na Tua presença há abundância de alegrias; à Tua mão direita há delícias perpetuamente”. E, lido à luz de Hebreus 10:12-13, vemos quão devida e perfeitamente a promessa de Jeová foi recebida por Cristo. Isso O encheu de esperança ou expectativa, que é sempre a resposta adequada à promessa.

Mas deixe-me observar que a entrada do Senhor no céu não foi apenas para que Ele pudesse tomar Seu assento à direita do poder, aguardando o dia em que Ele faria de Seus inimigos o escabelo de Seus pés: foi também uma entrada no céu como santuário, para ocupar-Se lá em riquezas de graça, em serviços sacerdotais atuais em favor de Seus santos ainda peregrinos e militantes aqui (veja Hebreus 8).

Este é de fato um Salmo de grande valor profético e muito usado pelo Espírito Santo nas Escrituras do Novo Testamento. Pois por meio dele Ele interpreta que Jesus é maior do que Davi (Mt 22) – mais excelente do que os anjos (Hb 1) agora no céu como Senhor (At 2:34-36) – como Aquele que espera (Hb 10) – e no gozo de um sacerdócio intransferível (Hb 7) que Ele recebeu, não de Si mesmo, mas de Deus (Hb 5). Tudo isso aprendemos por comentários divinos sobre este Salmo obtido em outras Escrituras do Novo Testamento.

O senhorio de Jesus, posso dizer, é uma coisa principal aqui. No Salmo anterior, nós O vimos como “o varão aflito e o necessitado”, mas aqui, como o “Senhor”. E essas duas coisas formam o grande encargo e tema dos profetas (1 Pe 1:11). Ele Se esvaziou, mas Deus Lhe deu um Nome acima de todo nome (Fp 2). Pedro, em sua pregação inicial aos Judeus após a ressurreição, vê esse senhorio de Jesus em todos os lugares – agora no céu, em breve em Seu retorno à Terra, depois no decorrer das sucessivas eras. Ele vê isso igualmente sobre o Judeu e o grego. Ele traça o nome deste Senhor, o dia deste Senhor, e a presença deste Senhor, em seus diferentes poderes e virtudes (At 2:20-21, 3:19, 10:36).

Mas não é simples senhorio divino mas um senhorio ungido. E, portanto, Seu senhorio é para nós. Israel tinha seu interesse em todos os oficiais ungidos sob Deus; fossem profetas, sacerdotes ou reis, todos eram para uso de Israel. A sabedoria do profeta, os sacrifícios do sacerdote, a força do rei, eram todos para a bênção do povo. Assim é o senhorio de Jesus para nós. Quer seja Ele Senhor da vida, Senhor dos principados e potestades, Senhor de todas as regiões da glória, ou Senhor de todas as chaves, a chave do céu, a chave da casa de Davi, a chave do inferno e da morte, ou do abismo, todo esse senhorio é para nós. Ele está em todos os lugares como Senhor, mas ainda assim por nós. Seus olhos, como os olhos do Senhor, correm de um lado para o outro em nosso favor.

Esse é um senhorio maravilhoso. É, no entanto, sobre, bem como por nós. Como Davi aqui diz: meu Senhor”. Mas isso tem sido, e ainda será, cada vez mais praticamente esquecido. Pois tanto Pedro quanto Judas profetizam sobre a forma final da apostasia da Cristandade como a negação deste Senhor e Sua autoridade, a transformação de Sua graça em dissolução (2 Pe 2; Jd) E é, portanto, o Senhor que vem vingar os erros de Seu nome negligenciado (Jd 14) “Eis que é vindo o Senhor”.

Este Salmo é verdadeiramente uma grande Escritura. Pode muito bem envolver os pensamentos ampliados de Seus santos que O amam e se deleitam em “aprender em Seu templo”.

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