Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Salmo 69

Neste Salmo solene e comovente, ouvimos uma expressão do Filho do Homem. Sua alma passa pela sensação de Sua tristeza e pela antecipação do juízo de Seus perseguidores, até Sua ressurreição e Seu reino em Sião no último dia. Temos a comunhão da alma de Jesus com Deus, tanto como Aquele que foi capaz de salvá-Lo da morte (Hb 5), quanto como Aquele que julga com justiça (1 Pe 2). Pois Ele clama a Um e confia a guarda de Si mesmo ao Outro. E assim este Salmo ilustra essas duas coisas que os apóstolos nos ensinaram nessas duas passagens: tão perfeitamente se misturam as luzes que brilham na Escritura velha e nova, seja nos Salmos ou Profetas, ou nas Epístolas ou Apóstolos.

Podemos dividir este Salmo nas seguintes seções ou partes:

Versículos 1-12. Jesus, o Filho do Homem, expressa Suas aflições.

NOTA: O versículo 5 mostra como Ele Se identificou com os Seus eleitos (2 Co 5:21), e é reconfortante para nós sabermos que os nossos pecados foram assim confessados. E Deus sabia o segredo de toda a aflição de Jesus, embora o homem não soubesse (veja Isaías 53:4).

Versículo 6: Ele deseja que ninguém se sinta confundido ou ofendido por causa de Sua vergonha e tristeza (Mt 11:6), mas que aprenda que isso foi suportado em favor de outros. Pois a aflição do justo será uma ofensa para aqueles que não entendem e valorizam isso. Suas tristezas causadas pelas mãos do homem eram para a glória de Deus no mundo; Suas tristezas causadas pelas mãos de Deus eram para nossa expiação e salvação para sempre. O versículo 4 é citado pelo próprio Senhor em João 15.

Versículos 13-18. Ele revela Sua fonte de alívio e apoio nessas aflições. Como Ele diz em outro lugar: “Em paga do Meu amor, são Meus adversários; mas Eu faço oração”. Ele Se entregou a Deus (Sl 109:4).

Versículos 19-28. Ele acusa Seus perseguidores Judeus e clama por julgamento.

NOTA: Este é, portanto, o motivo do presente estado de Israel (veja Romanos 11:8-10). O juízo repousa sobre eles, sobre a alma e corpo deles e sobre suas propriedades. Seu sistema, como testemunho de Deus e nação de Deus, está em ruínas.

Versículos 29-31. Ele implora pela ressurreição, fazendo o Seu voto de louvor.

NOTA: Ele “foi ouvido quanto ao que temia”, ou “por causa da Sua piedade” (ARA) (Hb 5:7). Ele foi libertado da cova, em uma visão da ressurreição, por Sua própria virtude e santidade (Sl 16:10). Seu povo é libertado pelo Seu sangue (Zc 9:11, Hb 13:20). Mas o grande inimigo está preso ali (Ap 20:1-3)

Ele pagará os votos que faz aqui (veja Salmo 116). E esse louvor pela ressurreição é mais agradável ao SENHOR do que sacrifícios de bois ou bezerros em memória do pecado. E é em comunhão com Jesus em ressurreição que os santos agora adoram. Lá eles colocam, como em um novo altar, os seus sacrifícios de louvor (Hb 13:10, 15).

Versículos 32-36. Ele antecipa o arrependimento de Israel e, em seguida, o reino.

NOTA: “Os teus presos” é o título para o Remanescente (Zc 9:11-12). Compare o versículo 32 com o Salmo 22:26, onde o Remanescente é claramente considerado.

O gozo comum do céu e da Terra, que acompanha a restauração de Sião para ser a morada de Seu povo outrora pobre, mas agora enriquecido, é docemente antecipado.

Assim, neste Salmo muito abençoado, o espírito de Cristo medita desde Seu sofrimento até o pleno gozo de Seu esperado reino.

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