Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos
Salmo 90
No início deste sublime Salmo, o adorador ou “homem de Deus” expressa seu senso de que tudo falha, exceto o Senhor, e aqueles que n’Ele confiam. Depois, o próprio Senhor tem esse pensamento em Seu ministério – “O céu e a Terra passarão, mas as Minhas palavras não hão de passar”.
O adorador então confessa a fragilidade humana e traça a razão dela; e sobre isso expressa seu desejo de que, no sentido pleno dessa fragilidade, ele possa agir com sabedoria e esperar apenas pelo retorno do Senhor; e ele encerra desejando esse retorno, quando a estabilidade tomará o lugar da fragilidade, e a beleza, o das cinzas e do pó.
O senso de toda a distância entre o julgamento da morte sobre o homem e seu retorno da morte parece estar perdido para a alma aqui, em sua forte apreensão do que Deus é (v. 4). Parece que Pedro, pelo Espírito, tem essa passagem em mente (2 Pe 3:8).
O Espírito de Deus, pelo homem de Deus, toca neste Salmo sobre a nova criação em Cristo Jesus. É claro que Ele não poderia anunciar esse Mistério na mesma plenitude que um escriba agora instruído no reino. Mas já tocamos no assunto. Haverá cenas celestiais e terrenais, mas tudo é nova criação. A esposa do Cordeiro, a cidade celestial, levará nela a glória de Deus (Ap 21:11); mas Israel e a cidade terrenal também conhecerão essa glória. Ela brilhará sobre eles, caso não brilhe neles: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti” (Is 60:1). Todos desfrutarão dela, mas em diferentes capacidades. Esse, portanto, é o clamor inteligente de um homem de Deus, embora com esperanças Judaicas ou terrenais, olhando para o reino. “Apareça a Tua obra aos Teus servos, e a Tua glória, sobre seus filhos. E seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus” (vs. 16-17). E essa linguagem nos diz que Israel fala neste Salmo, embora fale do homem como tal. Isso, no entanto, é simples e adequado. Porque o homem foi testado no Judeu. A queda de Israel é o testemunho da fragilidade humana. Setenta anos o salmista menciona como o período que marca a fragilidade ou vaidade do homem, e que também sabemos que foi o tempo da vaidade de Israel, ou seu estado cativo na Babilônia.
No entanto, verdadeiramente abençoada é a verdade geral de tudo isso. A nova criação não teve seu fundamento no pó, mas no próprio Senhor – no Senhor ressuscitado dos mortos, quando Ele estava em vitória sobre toda a força do inimigo, tendo eliminado o pecado e abolido a morte. “Senhor, Tu tens sido o nosso refúgio (ou nossa morada)” (v. 1). O Construtor é a pedra principal do edifício. Ondas e ventos podem bater em vão – a sutileza da serpente é vã. Isso é para sempre. “dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer”.
