Origem: Livro: Os Patriarcas

Um santo traído pela natureza

Sara agora surge pela primeira vez numa ação independente (Gn 16-17).

A fome já havia, como vimos, tentado Abraão a buscar a terra do Egito, e ele obteve os recursos daquela terra, com vergonha e tristeza, e uma cansativa jornada de volta a Canaã. Sara agora tenta Abraão a que procurasse a escrava do Egito.

Sabemos o que esta escrava egípcia é a partir do ensino divino da epístola aos Gálatas. Ela é o concerto do monte Sinai, a lei, a religião das ordenanças; e Sara, em suas sugestões a Abraão para que ele tomasse esta egípcia, representa a natureza, que sempre encontra seu alívio e seus recursos na carne e no sangue; ela encontra ali também sua religião, assim como tudo o mais.

O Espírito ainda não havia lidado com a alma de Sara. Pelo menos, não tivemos nenhuma manifestação disso. Ela era certamente uma pessoa eleita; mas a nossa eleição ocorre muito antes de nos tornarmos o objeto da obra divina; e, até agora, a vida espiritual, a vida de fé, a operação da verdade em Sara por meio do Espírito Santo, não havia sido testemunhada.

Ela ainda não havia sido mencionada pelo Senhor. Ela não tinha sido companheira de seu marido quando ele exercitava seu espírito diante de Deus, nem sua companheira na escola de Deus. Ela não foi chamada com Abraão para contar as estrelas ou para assistir ao sacrifício. Ela ainda estava, posso dizer, no lugar da natureza; e consequentemente ela convida seu marido a dar sua semente por meio de sua escrava egípcia.

Esse é o seu lugar nesta ação; e Abraão se torna o santo traído pela natureza, conduzido no caminho da natureza, surpreendido por uma tentação daquele lado agora, como havia sido antes pela pressão da fome.

Mas tudo isso é incredulidade e afastamento de Deus. É o jeito do homem, o jeito da natureza; não de fé ou do Espírito. Recorremos naturalmente à lei, à escrava, à religião das ordenanças, quando a alma sente sua necessidade; assim como naturalmente descemos ao Egito, ou buscamos o mundo, quando nossas circunstâncias são de necessidade. Trata-se de incredulidade e afastamento de Deus, como se vê até em Abraão; mas deixar Deus e as restaurações de Sua graça, quando a alma precisa, é uma ofensa mais grave e errada contra Ele, do que buscar ajuda como no Egito, quando nossas circunstâncias são de necessidade. Minha pobreza pode me tentar a usar truques e artifícios, o que já é bastante ruim; mas se minha consciência deseja cura, se brechas internas precisam ser reparadas, para que eu possa andar novamente na luz desfrutada de Seu semblante, e vou para a mera religião, ou para ordenanças, ou para qualquer coisa que não seja as provisões de Seu próprio santuário, isto é ainda pior.

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