Origem: Livro: A Epístola aos HEBREUS
Sara (vs. 11-12)
Sara ilustra a fé que confia em Deus apesar das impossibilidades naturais. Sua confiança estava na Palavra de Deus. Deus havia prometido um filho a Abraão e Sara, e eles creram n’Ele. Ele cumpriu a Sua Palavra, e Sara “recebeu a virtude de conceber [semente] e deu à luz já fora da idade”. Da mesma forma, tendo confiado no Senhor Jesus Cristo, esses crentes hebreus podiam contar com Ele para ajudá-los a superar dificuldades impossíveis no caminho de fé.
Vs. 13-14 – O escritor, então, resume o que caracterizou a fé desses patriarcas e a coloca diante dos crentes hebreus como modelo para a fé deles. Ele diz: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas”. Isso não contradiz o capítulo 6:15, que afirma que Abraão recebeu a promessa. Estes versículos estão falando de duas coisas diferentes. Capítulo 6:15 está se referindo a Abraão recebendo um filho e tendo uma posteridade por meio dele; aqui no capítulo 11 são promessas em conexão com a herança em Canaã. Além disso, o “todos” ao qual o escritor se refere neste versículo são todos aqueles desse grupo de santos patriarcais. Se ele estivesse se referindo a todos mencionados até agora no capítulo, ele estaria contradizendo o que disse sobre Enoque que não morreu. Seu ponto em afirmar isso é que a fé desses antigos santos os levou a iniciar um caminho, e suas convicções a respeito eram tão profundas que continuaram nesse caminho até o fim de suas vidas – não voltaram atrás. Viveram e morreram pelo que a fé deles viu. Da mesma forma, os crentes hebreus precisavam desse tipo de fé e convicção a respeito do passo que haviam dado ao vir a Cristo e perseverar nisso.
O que impulsionou esses homens e mulheres ao longo da vida foi a fé deles. Essa fé viu as coisas que foram prometidas por Deus, embora elas estivessem “longe” no tempo. Eles foram “persuadidos” por elas e seguiram “abraçando-as” em seus corações e, como resultado, viveram uma vida que “confessou” em que os seus corações estavam envolvidos. O escritor diz que aqueles que traçam tais trajetórias mostram “claramente” que estão vivendo para outra “pátria”, e não para este mundo. Aqueles queridos santos do passado olharam para além das coisas que são visíveis e abraçaram coisas invisíveis, e isso produziu um efeito prático em suas vidas que os fez andar como “estrangeiros e peregrinos” neste presente século mal.
V. 15 – O escritor acrescenta: “E se, na verdade, se lembrassem daquela (pátria) de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar”. Isto é, se permitissem que suas mentes permanecessem na velha pátria de onde tinham vindo (a Mesopotâmia), isso teria o efeito de arrastá-los de volta para ela em seu coração – e para aonde o coração vai, os pés o seguirão. Não demoraria muito para que eles voltassem para aquela terra. Mas não fizeram isso; mantiveram seus olhos e seus corações no que lhes havia sido prometido, e isso os motivou a continuar no caminho de fé. Isso serviu como advertência preventiva para esses crentes hebreus que estavam sob pressão para voltar ao judaísmo. Se mantivessem seus pensamentos sobre os dias de outrora no templo e suas conexões ali, etc., isso teria um efeito negativo sobre eles e, por fim, os atrairiam de volta a ele. Portanto, era importante que seguissem o exemplo dos patriarcas e mantivessem suas mentes fixas no que tinham em Cristo (Cl 3:1-2).
V. 16 – A fé daqueles antigos santos agiu como um telescópio espiritual que trazia as coisas celestiais à vista. Confiaram na Palavra de Deus quanto às promessas e desejaram “uma (pátria) melhor”, que era “celestial”, e assim Deus aprovou sua fé. Ele não se envergonhou de “Se chamar Seu Deus” e alegremente identificou a Si mesmo com eles. Não ficarão desapontados; Deus “preparou uma cidade” no alto para eles a qual alcançarão no dia de sua ressurreição. Até então, suas almas e espíritos desencarnados estarão com Cristo no alto (Fp 1:23).
Vs. 17-19 – Abraão é mencionado novamente para mostrar que Deus testa a fé. De fato, todos os que seguem o caminho de fé serão, cedo ou tarde, testados. A Abraão foi-lhe dito que oferecesse a seu filho Isaque – aquele que tinha esperado tanto e por quem as promessas seriam cumpridas. Humanamente falando, fazer isso não tinha sentido, mas Abraão não permitiu que o que ele não entendia impedisse sua obediência a Deus. E como resultado, diz: “Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque”. O teste para ele foi provar se estaria disposto a deixar aquilo que era muito querido para seu coração a fim de obedecer a Deus. Como sabemos, ele passou pelo teste maravilhosamente. Ele teria matado Isaque se o Senhor não tivesse intervindo (Gn 22:10-12). Mil coisas podem ter passado por sua mente a respeito de por que Deus iria querer isso, mas Abraão foi adiante sem agir de acordo com seus próprios pensamentos e preferências, e obedeceu a Deus.
O escritor continua nos dizendo como Abraão foi capaz de passar no teste de sua fé; “considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também, em figura, ele o recobrou”. Isso foi bastante notável, pois até aquele momento na história não havia nenhum registro conhecido de alguém ressuscitando dentre os mortos. Mesmo que Abraão não tenha realmente matado Isaque, ele recebeu crédito por acreditar na ressurreição e, de certo modo, ele “recobrou” Isaque dos mortos de maneira figurativa. O escritor foi levado pelo Espírito para definir este incidente diante dos hebreus como um exemplo para seguirem. O assunto que estavam enfrentando sobre deixar o judaísmo para o Cristianismo foi definitivamente um teste de sua fé. Eles amavam muito sua herança no judaísmo, mas estavam dispostos a deixar isso para obedecer a Deus? Colocariam a vontade de Deus diante de seus próprios desejos naturais? Abraão o fez, e foi o grande exemplo para eles.
