Origem: Livro: Luz Para as Almas Ansiosas
Sei que tudo se resume em crer e tento isso, mas não posso.
Vamos examinar mais de perto esta declaração frequentemente repetida. As pessoas não imaginam o que esteja envolvido nela.
Deus manifestou-se plenamente na Pessoa de seu Filho bendito, agindo neste mundo em perfeita concordância consigo mesmo. Ao fazer isto, segundo o que você está dizendo, Ele perdeu todo direito à sua confiança a ponto de você até “tentar crer nele, mas não conseguir”!
Mas ainda, Ele enviou uma mensagem especial do céu através do Espírito Santo, a mensagem do evangelho; mas as notícias enviadas por Ele são tão indignas de sua aceitação, que embora você tenha sido suficientemente bondoso para tentar crer nela, na verdade não consegue.
Está escrito que “Creu Abraão a Deus” (Rm 4.3). Como é simples essa declaração! Ficamos sabendo depois (v. 19), que ele não considerou as aparências, não olhou para si mesmo, pois tinha outra Pessoa à sua frente, alguém tão confiável que acreditou poderia fazer o que prometera. E assim, é-nos dito, “deu glória a Deus”.
Suponhamos que tivesse sido escrito: Abraão tentou crer em Deus, mas não pôde, que efeito grave isso teria sobre o Deus Eterno que não pode mentir!
Compare agora sua afirmação com esta, caro leitor, e prostre-se diante d’Ele, confessando a natureza desonrosa de sua incredulidade sobre Deus.
Além disto, seu modo de pensar não manifesta sua própria insensatez? Considere um pouco. Parece que você está tentando confiar em alguém que não é digno de confiança! Se se tratasse de uma questão de dinheiro, que negociante tentaria confiar em uma pessoa assim?
Mas eu não penso que Ele seja indigno! As suas palavras fazem então uma injustiça tanto a você como a Ele; pois quem falaria de tentar confiar em alguém em quem realmente tem confiança? A criança precisa tentar confiar em sua mãe?
E bem possível que você esteja considerando a fé como uma grande obra que tenha de realizar, a fim de obter a salvação não será isso?
Essa ideia é porém completamente errada. Devemos aprender a diferençar entre fé e as atividades da fé. Um banco lhe oferece segurança e você prova a sua fé no mesmo depositando nele o seu dinheiro.
Você está numa terra estranha, na companhia de amigos que conhecem bem a região. Um riacho profundo e escuro tem de ser atravessado e só uma tábua solitária liga as duas margens. Os que têm condições para julgar o informam que a tábua suportará o seu peso, e porque confia neles você coloca sem hesitar ambos os pés na mesma e atravessa.
Se embarcasse num navio, provaria a sua confiança em suas boas condições de navegação. A sua fé pode ser firme ou vacilante; mas, no momento em que, como passageiro, você entra a bordo do navio, confessa pelo seu ato, caso não o faça em palavras, que confia em sua capacidade de levá-lo a salvo através do imenso oceano Atlântico. Você ouviu falar no barco, sua confiança foi inspirada por aquilo que lhe disseram e a seguir veio o ato que expressou publicamente que o sentimento em seu coração era verdadeiro. Lemos então: “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.10).
“A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”
A palavra de Deus dá testemunho de um Salvador cheio de confiabilidade.
Ouço uma informação sobre Ele que, sem tentar, passo a crer n’Ele. E quando me achego a Ele e lhe digo isso, agindo de acordo, estou confessando com a boca e pela minha vida onde minha confiança repousa.
Contemple Aquele que merece toda honra e reverência na posição em que a justiça agora o colocou e da próxima vez que seu coração disser, “não posso crer”, pergunte a si mesmo:
- Em quem eu não posso crer?
- O que Ele disse que não mereça minha aceitação?
- O que Ele fez e de que forma se comportou, para anular tanto a minha confiança?
