Origem: Livro: Os Patriarcas
Trazido a um Deus amoroso
Maravilhosas e variadas as lições e os caminhos da graça, graça abundante! De fato, rapidamente a alma nutre pensamentos de Deus segundo as sugestões da natureza, em vez de conhecê-Lo segundo a fé. A natureza O mantém diante da alma como um Juiz, ou como um Legislador, ou um Exator da justiça, como Alguém que carrega balanças em Suas mãos para testar cada pensamento e obra – Alguém que é sensível e ressentido com o menor toque do mal. Mas a fé O mantém diante de olhos e corações que contemplam e adoram, como Aquele que sempre nos ama, fazendo ou dizendo o que quer que seja. Pois a fé opera pelo amor (Gl 5:6) – ela opera para com Deus como Amor e, portanto, é um espírito de confiança e liberdade. Se encontrarmos nossa alma sob a pressão do espírito de medo, escravidão ou incerteza, podemos ter certeza de que elas deixaram a mão gentil da fé e se permitiram ser guiadas por tutores e governadores que a natureza fornece. Isto não deveria ser assim. Devemos saber que sempre temos a ver com amor! Quando lemos, quando oramos, quando conversamos, quando confessamos, quando servimos, quando cantamos, quando procuramos por Sua mão em providência, ou pensamos em Seu nome em segredo, que a comunhão da fé com Deus seja nossa! Ele nos ama. A relação em que nos encontramos, e da qual o nosso Isaque foi a expressão, torna isto uma verdade necessária.
Foi “para Si mesmo” que Deus nos trouxe e nos adotou – e nos predestinou para a adoção de filhos por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito (ou o bom prazer) da Sua vontade (Ef 1:5). E estas palavras “para Si mesmo” revelam o próprio gozo de Deus na adoção dos eleitos, em torná-los filhos; assim como foi o gozo de Abraão com o desmame de nosso Isaque. Cristo apresenta a Igreja a Si mesmo (Ef 5:27), e o Pai reúne os eleitos como filhos por adoção para Si mesmo. Cada um tem interesse pessoal e deleite pessoal nos mistérios da graça. E de acordo com isso, o Espírito Santo, na Epístola aos Gálatas, à qual a história de Isaque se refere, defende a causa do Pai, bem como a causa de Cristo conosco. Ele nos ensina que somos redimidos por Cristo da maldição da lei e, por meio do Espírito que nos foi dado pelo Pai, da escravidão da lei. Tudo isso é cheio de bênçãos para nós; e tudo isso nos sugere o mistério de Isaque, filho da mulher livre.
A fé é aquele princípio em nós que dá ao Senhor Jesus o lugar ou privilégio (um lugar que só Deus pode preencher) de sustentar a confiança de um pecador inteiramente por Si mesmo, de ser o imediato, o único Objeto da confiança do pecador. Mas a fé, nesta dispensação, envolve relacionamento. Pela fé permanecemos na Pessoa e também na obra de Cristo – e Cristo sendo o Filho, somos filhos, assim como somos pecadores salvos. Somos todos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus (Gl 3:26). E Ismael não dividirá a casa com Isaque. O espírito de escravidão gerado pela lei ou pela religião das ordenanças deve ser afastado, e somente o espírito de liberdade deve preenchê-lo. Pois a casa agora está colocada sob um filho e não um servo, sob Isaque e não sob Eliezer – e o relacionamento é o gozo de Deus assim como é o nosso. “O Pai procura a tais que assim O adorem” Palavras maravilhosas de graça abundante, amado! E o gozo em nosso Isaque garantiu isso nos dias patriarcais.
