Origem: Livro: Esboço Sobre o Livro De APOCALIPSE
UM PARÊNTESE – O Juízo da Babilônia (Cap. 17-19:10)
Esses capítulos são dados para complementar as referências anteriores a “Babilônia” no capítulo 14:8 e no capítulo 16:19. Foi feita menção a essa grande potência mundial e seu julgamento, mas agora é apresentada uma exposição completa do seu caráter e suas formas. Esses detalhes extras nos ajudam a identificar quem é esse grande poder corrupto que desempenhará um papel tão proeminente na profecia do fim dos tempos. O parêntese essencialmente apresenta uma comparação das duas mulheres proeminentes no livro: a falsa igreja – “a grande prostituta” (cap. 17:1-19:5) e a verdadeira Igreja – “a esposa do Cordeiro” (cap. 19:6-10).
A Grande Prostituta
Cap. 17:1-6 – O capítulo começa com uma descrição de uma “grande prostituta” cavalgando a “besta de cor de escarlata” com “sete cabeças e dez chifres”. Essa mulher corrupta é a Roma papal com todas as assim chamadas denominações Cristãs sob suas asas – o estado final da Cristandade depois que a verdadeira Igreja for chamada para o céu. É a falsa igreja de Satanás. A “prostituta” é, sem dúvida, a igreja católica romana. Isso é óbvio pela:
- A Evidência Geográfica – ela é identificada com Roma –a cidade dos sete montes – “sete cabeças” (v. 9). Nenhuma outra cidade notável do mundo foi assim descrita.
- A Evidência Histórica – ela tem sido a grande perseguidora dos Cristãos ao longo da história. Nenhum outro sistema religioso na Cristandade tem sido culpado de martirizar os santos, como Roma (v. 6).
- A Evidência Política – ela controlou os governos da Europa na história. Nenhum outro sistema religioso na Cristandade quis controlar os governos do mundo como Roma (vs. 1, 15, 18).
- A Evidência Eclesiástica – a prostituição é uma figura usada nas Escrituras para aqueles que abandonam a Deus por idolatria. Nenhum outro sistema religioso na Cristandade teve a extensão da idolatria como o catolicismo (v. 2).
- As Evidências Mundanas – nenhum outro sistema religioso na Cristandade se revestiu de pompa e glória como a igreja católica romana (v. 4).
- A Evidência Comercial – nenhum outro sistema religioso na Cristandade teve tais conexões comerciais e acumulou tal riqueza (cap. 18:9-19).
João é chamado para ver “o julgamento” (ARA) (não a glória) da grande prostituta. Sua destruição, que ocorre na metade da semana profética, marca o fim da Cristandade. A influência da mulher corrupta sobre as multidões no ocidente é vista nela sentada em “muitas águas” (vs. 1, 15). Sua culpa de prostituir a verdade e intoxicar os homens com suas más doutrinas e práticas, é retratada em sua “fornicação” (v. 2 – TB).
Embora professe grandes posses espirituais, ela é espiritualmente destituída. Isto é indicado pelo lugar de seca em que habita – “um deserto”. Ela se assenta na “besta”, indicando que ela terá o controle das nações confederadas do ocidente. Sua glória mundana é vista em suas vestes de “púrpura e de escarlata” com “ouro, e pedras preciosas e pérolas” (v. 4). Ela é identificada como “Mistério, a grande Babilônia”, indicando as profundezas de sua idolatria. Ela é “mãe das prostitutas” (TB). Isso significa que ela tem muitas filhas sob suas asas, que têm seu caráter. Como uma “mãe”, ela deu origem a outras denominações na Cristandade, pois todas elas saíram de sua corrupção clerical e, portanto, carregam as marcas de seu caráter em graus variados. Todas elas serão reunidas sob suas asas na primeira metade da semana profética e constituirão a falsa igreja (v. 5).
A Besta com Sete Cabeças e Dez Chifres
Cap. 17:7-14 – Como mencionado, “a besta” com “sete cabeças e dez chifres” é o renascido império romano como indicado em Daniel 2:40-45, 7:7-8, 19-27. Os “dez chifres” são os “dez reis” (reinos ou nações) dos quais o império será composto (vs. 7, 9-14). Essas são as nações confederadas do ocidente.
Em primeiro lugar, quanto à sua história (v. 8), há quatro fases mencionadas, pelas quais o império romano passa:
- “Foi” – existente como nos dias de João.
- “Já não é” – extinto em 476 d.C.
- “Há de subir do abismo” – renascido na última metade da semana.
- “E irá à perdição” – julgado por Cristo na Sua Aparição no final da semana.
Vs. 9-11 – As “sete cabeças” têm uma dupla aplicação. Elas não se referem apenas a Roma, a cidade dos sete montes, mas também se referem às sete formas de governo (“montes”) pelos quais o império passaria através do tempo. Na história, houve reis, ditadores, tribunos militares, cônsules e decenviratos (um conselho de magistrados) à frente do império. Essas “cinco” formas de governo já “caíram” e saíram de cena. O “um” que “existe” refere-se à sexta forma de governo que controlava o império no tempo em que João escreveu o Apocalipse. Era um governo imperial (regido por uma sucessão de imperadores). O “outro” que estava por vir no futuro, é o sétimo. Este será o governo do império sob a prostituta, a igreja católica, que este capítulo descreve. O anjo diz a João que ele continuará só “um pouco de tempo” – ou seja, a primeira metade da semana profética, porque aquela “cabeça” (forma de governo) será ferida de morte (Ap 13:3, 14:8). Então surgirá da sua morte uma “oitava” forma de governo (um governo satânico) sob a besta em pessoa (Ap 13:4-8; Dn 7:8, 20-21 – “ponta pequena [o chifre pequeno – AIBB]”). Assim, a “ferida de morte” que a sétima cabeça sofrerá, será curada na forma da oitava. Este homem (o chifre pequeno) tomará o ofício de príncipe romano e violará imediatamente os termos da aliança que o império terá feito com os judeus (Dn 9:27b – o segundo “ele”). Esta forma final de império irá “à perdição” porque estará no poder quando Cristo vai aparecer e julgá-lo.
A Queda da Babilônia
Cap. 17:15-18 – O instrumento de destruição da prostituta são os “dez reis”, a federação de dez nações sobre as quais ela governará nos primeiros três anos e meio da semana profética. Essas nações terão tido o suficiente do catolicismo e “aborrecerão a prostituta”. E, com a ajuda da besta em pessoa, que assumirá a liderança do império, eles “a porão desolada”. Essa é a “queda” da Babilônia. Sabemos que isso acontecerá na metade da semana profética, porque o novo líder diabólico (a besta ou “ponta pequena [o chifre pequeno]”) que sobe ao poder, continua no ofício de “príncipe” romano (Dn 9:27b – o segundo “ele”) por “quarenta e dois meses”, que é a última metade da semana (cap. 13:5; Dn 7:25).
Cap. 18:1-8 – Segue-se neste capítulo uma descrição da falsa igreja sob o catolicismo (a prostituta) em seu estado decaído, como tendo sido desolada pelos dez chifres. A proclamação: “Caiu, caiu a grande Babilônia” refere-se a isso. Como mencionado no capítulo 14:8, isso refere-se ao lado religioso do império tornando-se extinto. No entanto, a Babilônia como um império (política e militarmente) não terá desaparecido. Continuará sob uma forma satânica de governo sob a besta em pessoa e enfrentará sua completa e final destruição no final da semana profética, quando Cristo aparece e a julga. Isso é descrito no final deste capítulo 18 sob a figura de “uma pedra como uma grande pedra de moinho e lançou-a no mar” e “será precipitada Babilônia, a grande cidade” (cap. 18:21-24 – TB).
O que antes era a “morada de Deus em Espírito” (Ef 2:22) é agora visto como “morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo” (cap. 18:2 – ARA). Sua iniquidade é totalmente exposta por ter prostituído a verdade professada (que na realidade é um erro) e intoxicado as nações com suas doutrinas e práticas. É retratada como “fornicação” (TB) espiritual, que é idolatria (v. 3). Deus sempre chama Seus filhos para fora do que é corrupto e mau. Os santos dos séculos passados ouviram esse chamado e se separaram das abominações romanas, e milhares deles selaram seu testemunho com seu sangue. Um grande número de crentes tementes a Deus ouvirá esse chamado e se separará desse sistema iníquo nos primeiros 3 anos e meio da semana profética (v. 4). Eles sofrerão perseguição e martírio por causa de suas convicções (cap. 6:9-11, 17:6, 20:4a). Seus corruptos “pecados” de comercializar e prostituir as coisas Cristãs, e exaltar-se em vez de exaltar a Cristo, a Quem ela professa como Senhor, “se acumularam até ao céu” e exigiram o justo julgamento de Deus sobre ela (vs. 5-8).
Cap. 18:9-20 – É então dada uma explicação de seu mundanismo e mercantilismo. Uma lamentação universal é retratada a partir das várias classes de empresários comerciais do mundo, que tiveram relações com esse sistema perverso e lucraram com isso financeiramente. Os mercadores lamentam principalmente porque sua esperança de ganho desaparecerá. Parece que ela tem sido um fator de controle no mercado mundial. Não menos de vinte e oito coisas são mencionadas as quais ela comercializa. É significativo que o primeiro seja “ouro” e o último sejam “almas de homens”. “Deus julgou a vossa causa quanto a ela” (v. 20) significa que os santos de coração reto, muito antes disso, julgaram esse sistema perverso em seus corações, e se separaram dele. Agora, Deus vindica juízo sobre eles, por meio desta grande queda.
A Destruição da Babilônia
Cap. 18:21-24 – Outro golpe em juízo é dado à “grande cidade da Babilônia”. Esta não é a queda da Babilônia, que acabamos de notar, mas a destruição da Babilônia. Como mencionado, sua queda ocorre na metade da semana profética, mas sua destruição será no final da semana profética. Como resultado, esse grande poder “não será jamais” achado. O anjo lançando “uma grande pedra de moinho” no “mar” indica o caráter definitivo desse juízo. Isso se refere ao derradeiro fim da Babilônia como um grande poder político e militar – em sua forma final sob a pessoa da besta – sendo julgada por Cristo em Sua Aparição (cap. 16:15-21). As figuras usadas aqui são semelhantes a Isaías 24:1-12, que também se referem ao julgamento do Senhor sobre Babilônia em Sua Aparição.
Por isso, os detalhes neste parêntese nos trouxeram novamente a Aparição de Cristo.
Duas Celebrações no Céu
Pouco antes de o céu se abrir e Cristo aparecer em poder e julgamento em Sua Aparição (cap. 19:11-21), haverá duas celebrações no céu.
Cap. 19:1-6 – A primeira celebração é o júbilo irrestrito no céu sobre o julgamento da “grande prostituta”. “Aleluia” é mencionada quatro vezes neste contexto. A primeira é por conta dos atributos do próprio Deus que reivindicaram esse julgamento (v. 1). A segunda é por causa de Seus santos juízos sendo executados sobre o mal (vs. 2-3). A terceira está relacionada com a adoração expressa ao próprio Deus (vs. 4-5). A quarta é o júbilo no céu em antecipação à glória do reino de Cristo sendo assegurada, e os desejos do Seu coração cumpridos (v. 6).
Cap. 19:7-10 – A segunda celebração tem a ver com o júbilo irrestrito no céu, sendo expresso em antecipação da manifestação pública de Cristo e da Igreja. Há duas coisas aqui:
- “As bodas do Cordeiro” (v. 7). Este é o tempo em que Cristo apresentará a Igreja “a Si mesmo” como “gloriosa”, “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5:27). É um assunto íntimo e privado que será para o Seu gozo. Nota: não é chamada de bodas “da noiva”, mas “do Cordeiro”, porque todo o propósito do evento é “dar honra a Ele” (KJV), não à Igreja, que é a noiva (Ef 5:23-32). As vestes nupciais da Igreja que são de “linho fino, puro e resplandecente” são dadas a ela. Esta é uma referência aos resultados do tribunal de Cristo, quando “as justiças dos santos” lhes serão recompensadas. Isto está em contraste com a prostituta que tomou roupas de glória que não lhe pertenciam e se vestiu luxuosamente com elas (cap. 18:7).
- “A ceia das bodas do Cordeiro” (v. 9). Se as “bodas” são para a satisfação e desfrute do Cordeiro e Sua esposa, a “ceia” é para os convidados desfrutarem. Esses são os santos do Velho Testamento e os santos martirizados na tribulação, que serão ressuscitados antes da Aparição de Cristo. Eles poderiam ser classificados como os amigos do Noivo (Jo 3:29).
V. 10 – João tirou o foco do Senhor Jesus Cristo por um momento e lançou-se e adorou um de seus conservos e foi repreendido por isso. Na correção que João recebeu, há um princípio importante que se aplica a todas as Escrituras proféticas – de fato, a toda a Palavra de Deus. “O espírito de profecia é o testemunho de Jesus” (JND). Isso significa que o objeto implícito de toda profecia tem nele o testemunho do Senhor Jesus e o que diz respeito à Sua glória. Cada versículo pode não falar diretamente de Cristo, mas “o espírito” de cada passagem pertence ao que, em última análise, O glorificará. Reconhecer o que é devido à honra e glória de Cristo, abre o entendimento das Escrituras proféticas.
