Origem: Livro: Os Patriarcas
O valor do sangue e da cruz
“E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar. E o SENHOR cheirou o suave cheiro e disse o SENHOR em Seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra [o solo – JND] por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto a Terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão”. A purificação das águas do julgamento não alterou em nada a imaginação dos pensamentos do coração do homem. Eles ainda eram maus, e apenas isso. O coração não estava curado, pois “o que é nascido da carne é carne”, embora haja água para purificar ou fogo para refinar. Não foi nenhuma mudança que deu ao Senhor pensamentos de paz e não de mal para com os homens.
“A fé olha para o sangue de Cristo, e não para a vitória sobre as corrupções”, como alguém disse, mesmo onde exista tal vitória. Mas aqui, apesar das corrupções, esse sangue desperta pensamentos de paz e não de mal, para dar ao pecador um fim esperado. Cristo estava sob o olhar de Deus, e isso bastava; como no dia da expiação. O sangue da aspersão é então visto por toda parte. Esse foi o grande segredo, o grande princípio daquele dia místico em Israel. O sangue do cordeiro (Lv 16) foi à presença de Deus, acompanhado por uma nuvem de incenso; de modo que o próprio Arão foi escondido, e não havia ninguém na tenda da congregação, enquanto procedia ao serviço santo de colocar o sangue em tudo. Cristo em mistério foi visto, e nada mais – e o fruto disso foi o envio dos pecados para o deserto, uma terra não habitada, um lugar de esquecimento, onde não havia voz para acusar, julgar ou condenar, onde nada se ouvia senão a voz daquele sangue que fala de coisas melhores do que o sangue de Abel.
Aquele sangue, agora sob o olhar do Senhor Deus, comoveu Seu coração. Falo como homem? Não, a palavra é: “disse o Senhor em Seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra [solo – JND]”. Como diz o próprio Salvador (em espírito destinado ao altar): “Por isso, o Pai Me ama, porque dou a Minha vida”. O coração do Senhor Deus pesou a aceitação do sacrifício. Foi o que aconteceu aqui, nos tempos de Noé.
Esta palavra que partiu do coração do Senhor Deus nos dias de Noé, a passagem da lâmpada acesa nos dias de Abraão (Gn 15) e a resposta de Deus a Salomão (2 Cr 1), todas testemunham o valor da cruz de Cristo estabelecido com Deus. O rasgar do véu de alto a baixo, a quebra das rochas e o rompimento das sepulturas testemunham o mesmo, quando a verdadeira oferta foi realizada de uma vez por todas. Em rica variedade de forma e caráter é a aceitação da obra realizada no “lugar chamado Calvário”, testemunhada e publicada em todas as línguas e idiomas, por assim dizer, em hebraico, grego e latim.
