Origem: Livro: Os Patriarcas
Verdadeira glória moral
Mas embora essa natureza gentil e submissa que havia em nosso Isaque não estivesse à altura de sacrifícios e entregas tais como esses, mesmo assim a natureza gentil e submissa é a qualidade que lhe confere seu caráter. Às vezes age de maneira amigável e atraente; às vezes isso o trai tristemente. Mas em todos os momentos, sob todas as circunstâncias, em meio aos poucos incidentes registrados sobre ele, é o Isaque fácil, gentil e submisso que vemos. E, não preciso dizer que a presença de uma mesma virtude em todas as ocasiões é pobreza em termos de caráter. É uma combinação que revela caráter e obra divina; “o Reino de Deus… é… justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Ele é firme, assim como gracioso e alegre. E isto é glória moral; com muitos raios coloridos que nos dão o resultado imaculado na luz que desfrutamos e admiramos. Mas isso não brilha em Isaque. E em ninguém, certamente, em toda a sua beleza, exceto n’Aquele em Quem todas as glórias, em suas diferentes gerações, se encontram e brilham.
Jeremias, posso tomar a liberdade de dizer aqui, parece-me ter sido um homem de uma só paixão, assim como Isaque era um homem de uma só virtude. Quero dizer, é claro, às características de cada um deles, Isaque e Jeremias. Uma paixão piedosa, na verdade, foi a tristeza pelos estragos morais de Sião, que caracterizou Jeremias. Mas sendo assim sua única afeição, a paixão ou sentimento que, dessa maneira, possuía sua alma, torna-o geralmente muito envolvente e atraente ao coração; mas às vezes alia seu espírito com aquilo que o contamina. Ele está zangado com o povo que despertava as tristezas do seu coração. E ele murmura contra o próprio Deus. Falo, é claro, do caráter de Jeremias, conforme vemos demonstrado em seu ministério. Eu sei, certamente, naquele ministério, considerado em si mesmo, ele era o profeta de Deus e transmitiu as inspirações do Espírito Santo. Mas como homem falo dele; como homem, ele era um homem com uma só paixão; como eu disse de Isaque que ele era um homem de uma só virtude. Mas são aqueles em quem há um conjunto de virtudes que nos falam com mais segurança da obra divina, das árvores plantadas junto aos ribeiros de águas que produzem frutos na estação própria (Sl 1). Pois é esta sazonalidade que é a verdadeira beleza. Tudo é formoso em seu tempo, e apenas aí. A gentileza perde a beleza quando se exige zelo e indignação. O primeiro Salmo é uma descrição muito elevada para um homem de uma virtude; implica caráter, decisão e individualidade; mostra uma alma extraindo sua virtude de Deus. Ele “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”. Isto é da lavoura divina; mas não vemos isso em nosso Isaque. Na sua medida, esta combinação ou conjunto de virtudes, das quais já falei, aparece em Abraão, e certamente em contraste com Isaque; e essa diferença entre os dois pode ser vista em suas ações em circunstâncias semelhantes. Abraão em Gênesis 20, e Isaque em Gênesis 26 (Quanto ao pecado comum de Abraão e Isaque no que diz respeito à negação de suas esposas, chamando-as de irmãs, consulte o capítulo “Abraão”).
